A insinuação sobre o financiamento do ensino secundário foi feita a propósito do corte de 4 mil milhões de euros que tem de ser pensado até Fevereiro de 2013. Ora, não deixa ser sintomático que, querendo apresentar medidas de corte da despesa, se comece por uma do lado da receita. Este Governo tem tendência para ir parar aos aumentos de impostos, obrigando a torcer a semântica das suas palavras para parecer que se trata de um corte.
Sabendo que o ensino secundário foi tornado obrigatório (e bem, na minha opinião) não é possível obrigar os portugueses a pagar uma propina, ainda que mínima, por um serviço para o qual já descontam. A conversa de termos um Estado Social que custa mais do que aquilo que descontamos não é inteiramente verdade. É certo que é pesado, mas é perfeitamente possível torná-lo sustentável. O que é insustentável é aguentar a despesa em dívida pública e é para aí que os nossos impostos estão a ser conduzidos.
Emburrecer (permitam-me inventar esta palavra) a população, tornando difícil o acesso à educação, é dar razão aos que acham que existe uma elite que o pretende fazer intencionalmente. Sem uma classe média (não só, mas sobretudo) instruída, estes senhores têm o caminho livre para fazer o que bem lhes apetece. Posto isto, sou a favor de uma escola pública totalmente gratuita durante o ensino obrigatório, mesmo que temporariamente implique mais endividamento. É com uma população bem formada que conseguiremos gerar valor.
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