sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Privatização da saúde - seguradoras

Preocupo-me quando começo a ouvir falar de privatizações na saúde. Muita gente não sabe que o SNS é caríssimo, em grande parte porque os serviços, medicamentos e equipamentos médicos são bastante caros. Se um doente de cancro tivesse que pagar o seu tratamento de dois anos na totalidade, provavelmente as poupanças de uma vida não seriam suficientes. A partir do momento em que há medicamentos que custam centenas de euros e exames que andam lá perto, não há uma real hipótese de as poder pagar.

Neste contexto é natural sugerirem que em vez de descontar para o Estado, que o façam para empresas seguradoras privadas. Na minha opinião há grandes diferenças entre os dois modelos:


  1. As seguradoras arriscam investir com mais facilidade o dinheiro em produtos financeiros de maior risco. Sim, porque o nosso dinheiro nunca fica guardado numa conta à ordem. Eles querem lucrar com a nossa saúde e esta é uma boa maneira de o fazer.
  2. O Estado segura efectivamente todas as pessoas. Doentes ou não-doentes, toda a gente tem acesso a cuidados médicos. Já as seguradores procedem a validações intermináveis do estado de saúde das pessoas, antes de as segurarem. E mesmo quando já o são e acontece algum problema, fazem de tudo para se esquivarem ao pagamento dos tratamentos necessários.
Recentemente testemunhei um caso em que na ficha de inscrição para uma seguradora foi escrito que a pessoa (jovem) tomava um medicamento de prevenção para a azia. Qual não é o espanto da pessoa quando, passados 4 meses, ainda está à espera de uma decisão, porque a seguradora precisa de um parecer médico. Se por tomar este medicamento corre o risco de não poder ser segurado, quanto mais se tivesse alguma doença grave. 

Para que servem as seguradoras se só aceitam pessoas saudáveis? Isto é o equivalente às seguradoras automóveis só aceitarem segurar carros cujos condutores não têm carta de condução.

Pensem nisto quando o Governo vos tiver a tentar convencer que entregar a saúde aos privados é uma grande poupança.

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