Há quem tente fazer disto uma má notícia, dizendo que o défice só está assim tão bom porque existe uma recessão profunda na economia portuguesa. E não deixam de ter razão! Contudo, há que perceber que esta brutal diminuição das importações é também um factor bastante positivo para nós. Não podemos, por exemplo, andar a trocar de carro todos os anos ou de dois em dois anos. A crise está a provar que, quando o português é forçado a mudar os seus hábitos (neste caso pelas piores razões), ele consegue. Porque não continuar com estes hábitos quando a crise acabar (ahahah vai acabar vai...)?
Haverá com certeza outras coisas que não deveríamos parar de importar, sobretudo aquelas que fazem gerar emprego por cá, mas é um efeito colateral indesejado da crise. Os portugueses nunca foram habituados a poupar, nem tinham razões para isso (graças aos créditos ao preço da chuva). Dir-me-ão: ah mas os salários são uma porcaria! Pois são, mas com algum sacrifício há que conseguir poupar uns trocos. Quantas vezes não vemos um vizinho que sabemos que está desempregado a ir tomar o pequeno-almoço fora? Isto são hábitos de quem acha que o dinheiro estica para sempre. Eu tenho pena é das famílias que ganham o salário mínimo, matam-se a trabalhar e por mais que tentem poupar não conseguem. Essas sim merecem a minha solidariedade.
Fazendo um pequeno exercício de matemática, observem o que é possível poupar ao longo de 20 anos, colocando de lado 100€ todos os meses:
- 20 anos * 12 meses * 100€ = 24000€
Constituindo depósitos a prazo a 4% TANB e recapitalizando os juros conseguem um valor superior: cerca de 33000€.
Com estes valores já conseguem ter uma ideia do pé-de-meia que é possível fazer em meia vida de trabalho.
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