quinta-feira, 25 de abril de 2013

Europa a várias velocidades

Há duas semanas atrás o presidente do Banco Central Europeu apresentou aos representantes dos países da moeda única os slides deste link.
Um dos gráficos que me saltou à vista foi o que está abaixo. Representa os spreads praticados pelos bancos de 4 países às PME. Reparamos que os valores da Alemanha e França são substancialmente inferiores ao da Espanha e mesmo da Itália. Aposto que em relação a Portugal seria menos de metade do custo.

Ora, como é possível falar em competitividade se as condições de financiamento são totalmente diferentes? A mesma empresa em países diferentes é obrigada a praticar salários mais baixos ou preços mais altos nos países com maior dificuldade de acesso ao crédito. Com o agudizar da crise, este fosso só vai continuar a aumentar.
Já cheguei a um ponto em que para mim só há duas alternativas claras: uma convergência total das economias europeias ou uma separação definitiva da moeda única. A convergência implica financiamento igual para todas as empresas, regime fiscal semelhante e salários proporcionais. Desta maneira todos os países ganhariam um pouco, ao contrário do que acontece agora, em que uns ganham muito à custa dos outros.

No half measures!

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Almoços grátis

Milton Friedman foi um economista de renome dos Estados Unidos durante o século XX. Era um defensor do liberalismo económico e no vídeo abaixo podemos ouvir a argumentação que ele tem para que não se taxem as empresas (vulgo IRC).


De facto, ele consegue construir uma lógica bem estruturada e tem razão em vários pontos. Quando se está a taxar uma empresa está-se a taxar automaticamente as pessoas que nela trabalham, assim como os consumidores finais.
A meu ver, faz tudo sentido até ao ponto em que acha que isso é argumento suficiente para acabar com o IRC. Este imposto é, tal como o IRS, um imposto progressivo. Ou seja, retira mais às empresas que ganham mais e não retira nada às que têm prejuízo. Posto isto, dá para perceber que a existência deste imposto confere um certo grau de estabilidade e justiça. É graças a este imposto (não só mas em certa medida) que é possível evitar que empresas gigantes esmaguem empresas mais pequenas com muita facilidade.

Se vai acabar por taxar o trabalhador ou o consumidor final? Sem dúvida. Mais vai taxar alguém com capacidade para o pagar e isso faz toda a diferença.

Público VS Privado

O Dinheiro Vivo publicou há dias um artigo sobre as diferenças entre trabalhar no sector público e no privado. Numa altura de crise é natural que se queiram nivelar por baixo as duas classes de trabalhadores, mas a verdade é que existem alguns benefícios, a meu ver, escandalosos.

Salários
Parece haver alguma vantagem para o sector público, mas acho que de uma maneira geral não é aqui que as diferenças são grandes. Parece-me haver demasiada demagogia sobre os salários em si.

Férias
Esta é uma desigualdade relevante, a meu ver. Por que carga de água um funcionário público tem direito a mais dias de férias do que um funcionário do privado?

Segurança
Esta é a principal desigualdade que existe entre as duas classes. Despedir um funcionário público do quadro é inconstitucional. Ora isto origina um emprego para a vida e consequentemente um salário garantido para o resto da vida. Isto permite assumir compromissos (casa, carro, férias, etc) que um funcionário do privado só poderá concretizar mais tarde. Outra consequência muito importante é a facilidade e o preço dos créditos. Um banco exige um spread bastante inferior a uma pessoa que sabe que vai pagar. Não há risco. Um funcionário do privado dificilmente terá condições igualmente vantajosas.

Protecção da saúde
A ADSE provoca assimetrias brutais no acesso à saúde. Um funcionário público pode deslocar-se a empresas privadas e pagar praticamente o mesmo que pagaria no SNS. É perfeitamente normal que este sistema esteja descontinuado, embora ainda existam milhares de beneficiários.

Reforma
Outra grande injustiça a vários níveis: reformavam-se mais cedo, têm direito à reforma antecipada e a fórmula de cálculo é altamente vantajosa (último salário em vez da média dos últimos 20 anos). Depois admiram-se que a Segurança Social não é sustentável.


Outro ponto importante, mas que não foi referido no artigo, é a existência de tabelas de evolução salarial no sector público. Uma pessoa sabe à partida que, quando passarem X anos e fizer uma prova qualquer, o seu salário aumenta automaticamente. Já no privado, o salário está sempre associado à oferta e procura e pode nunca ser aumentado durante a vida inteira. Além disso, a evolução estática por via de uma tabela não promove o mérito.

E por que é que os funcionários públicos têm estas regalias todas?

  1. Estou convencido que é uma das melhores maneiras de ganhar votos/eleições.
  2. Há profissões do Estado que não têm concorrência e como tal os trabalhadores estão à vontade para fazer greve e bloquear o país
  3. O Estado cumpre escrupulosamente a lei (ou quase sempre...) e muito dificilmente vai à falência e portanto quase todas as profissões públicas estão sindicalizadas. Se uma empresa privada sofrer as mesmas pressões dos trabalhadores das duas uma: vai para a insolvência ou arranja maneira de despedir os reivindicadores.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Economia paralela


É interessante verificar a percentagem da economia paralela em relação ao PIB de cada país. Há uma relação quase linear entre os países em maiores dificuldades e os que praticam mais este tipo de actividade.

Resta saber se são as dificuldades que levam as pessoas à economia paralela ou se é a economia paralela que leva às dificuldades.

Acredito que seja um pouco das duas e por isso é que é muito difícil resolver o problema.



domingo, 14 de abril de 2013

Ranking de hospitalidade mundial

Esta notícia fala do ranking da hospitalidade por país e é interessante verificar que Portugal se situa na sétima posição. Ora aqui está uma boa maneira de vender Portugal como destino turístico.


Devo dizer que fiquei surpreendido com alguns países africanos. Sempre achei que era perigoso viajar por estes países.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Pobreza dos países ricos

Parece um contra-senso mas a pobreza dos países ricos é absurdamente alta para o que seria de esperar.


É mais do que sabido que tem havido transferências maciças de dinheiro dos mais pobres para os mais ricos. Sabemos que, por exemplo nos Estados Unidos, 1% dos mais ricos detém 40% da riqueza, enquanto há dez anos atrás detinha apenas 33%.

Toda a gente sabe que para estas pessoas terem esta quantidade de dinheiro, milhões de outras estão condenadas à pobreza. O gráfico acima mostra que há 23% de crianças americanas que vivem em agregados familiares com rendimentos muito baixos.

Não vão ser estes ricos que vão abdicar do seu dinheiro para dar aos mais pobres. Mesmo que estes pseudo-filantropos distribuam 500 milhões de dólares a 10000 pessoas, terão ganho 900 milhões a explorar outras 10000. Os governos é que são responsáveis pela justa distribuição da riqueza e neste capítulo estão a fazer um péssimo trabalho.

É a Grécia que deve à Alemanha ou o contrário?

Depois de ver o artigo com o título abaixo fiquei curioso:

Reparações de guerra. Governo grego afirma que Alemanha deve 162 mil milhões

Após a segunda guerra mundial terá havido um perdão gigantesco de dívida à Alemanha, para que esta se pudesse recuperar. E não estamos a falar de um perdão ao estilo grego - de 160% do PIB para 120% - mas sim de um perdão a sério. A confirmarem-se estes valores, acredito que deva ser extremamente frustrante para os gregos se sujeitarem a condições cruéis por parte do seu maior devedor.

Esta quantia é capaz de reduzir para metade o valor da actual dívida pública grega e é por isso que é politicamente relevante que este relatório tenha aparecido. Não me acredito em qualquer tipo de benevolência dos alemães, mas pode ser que os faça lembrar que por várias vezes a Europa os ajudou. Talvez fosse altura de fazerem o mesmo.

Exportações da Noruega

Tenho a curiosidade constante de saber por que é que a Noruega é um país tão rico. Recentemente vi uma imagem que continha os produtos que a Noruega exportava e parece-me que o segredo poderá estar também aqui.


O petróleo representa cerca de 57% das exportações norueguesas, o que é abismal. Caso o petróleo deixe de ser a commodity mais procurada do mundo haverá uma séria quebra da economia norueguesa. Estamos a falar de mais de metade das exportações, o que poderá significar a transformação de um país rico num país normal ou quem sabe pobre.

domingo, 7 de abril de 2013

Semana louca de política

Esta tem sido uma das semanas mais agitadas desde que o actual governo assumiu funções. As teorias da conspiração mais excêntricas poderão atribuir tudo isto ao aparecimento de José Sócrates, mas não me parece. Vejamos o que aconteceu nos últimos dias:


Quarta-feira, 3 de Abril
O partido socialista apresenta uma moção de censura ao Governo.

Quinta-feira, 4 de Abril
Miguel Relvas apresenta a demissão.

Sexta-feira, 5 de Abril
O Tribunal Constitucional declara 4 de 9 medidas do orçamento inconstitucionais.

Sábado, 6 de Abril
O governo organiza um conselho de ministros de emergência para discutir a decisão do Tribunal. No final o primeiro ministro sai disparado para Belém, sem conhecermos a motivação.

Domingo, 7 de Abril
O primeiro ministro irá fazer uma declaração ao país às 18h30. Em Portugal, quando um primeiro ministro faz uma declaração ao país é para anunciar impostos ou uma remodelação/demissão do governo.


Veremos como esta novela continua, mas de qualquer das maneiras a dramatização feita pelo governo tem uma intenção. Está claramente a fazer do Tribunal e da Constituição o bode expiatório da ingovernabilidade, o que claramente não é verdade por 3 motivos:


  1. O Governo voltou a inscrever a mesma medida que tinha sido considerada inconstitucional no passado. Que eu saiba, a Constituição não mudou. Aliás, o conselho de ministros extraordinário já estava marcado mesmo antes do anúncio do Tribunal, porque já adivinhavam o resultado.
  2. A decisão do Tribunal baseia-se no princípio da igualdade e equidade, o que faz com que a argumentação de que a Constituição está desactualizada seja deitada por terra. Não há nenhum estado democrático no mundo que não tenha estas alíneas.
  3. O Tribunal não tem que olhar para o contexto económico do país para tomar decisões. Só tem de olhar para a constituição. Portugal está em crise desde 1143. Se fossemos a ter em conta o contexto económico basicamente passava tudo em todos os instantes.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Profissões VS Países

Dei de caras com um gráfico interactivo que indica as profissões que cada país necessita, assim como o contrário.


Oh Relvas, oh Relvas, 12º ano à vista

Miguel Relvas está prestes a ser "deslicenciado". Pode orgulhar-se de ter sido um dos piores ministros de sempre e nós cá sabemos a mediocridade que temos tido nas últimas décadas. Na hora da sua despedida fez um discurso à sua imagem: elogiou-se a si próprio e a obra que deixou. Vejamos então o magnífico legado que Miguel Relvas nos deixa:

1- No negócio da TAP (que correu muito mal) ficamos a saber que Miguel Relvas tinha ligações duvidosas com os compradores, que por sua vez tinham tudo para serem aldrabões.

2- Soubemos que Pedro Passos Coelho, enquanto administrador da Tecnoforma, terá beneficiado indevidamente de dinheiro comunitário da Europa através de Miguel Relvas.

3- Alegadamente terá feito pressão sobre o jornal Público, quando questionado sobre a sua relação com as Secretas e Jorge Silva Carvalho.

4- Pertence à Maçonaria.

5- Foi passar as férias do Natal de 2012 a Copacabana com Dias Loureiro (implicado no caso BPN) e mais uns senhores, todos eles de ética muito duvidosa. Tudo isto em plena crise em Portugal.

6- Falhanço absoluto na privatização da RTP, depois de alegadamente a tentar entregar a um grupo angolano, também ele duvidoso.

7- É licenciado através de equivalências a 32 de um total de 36 cadeiras em Ciências Políticas.

...

152 - Não sabe cantar a Grândola Vila Morena e ainda goza com quem a canta.


Cada dia de Miguel Relvas é um dia em que algum escândalo acontece e por isso fico estupefacto quando o ouço dizer que "a história fará o julgamento dos resultados das minhas funções". Miguel, entre mim e ti, deixa-me dizer-te que já foste julgado há muito tempo e queremos é que desapareças da nossa frente.

Fico agora à espera da primeira notícia que nos vai informar que Miguel Relvas foi contratado para consultor de um grande grupo económico...