Mais uma vez o senhor António Borges resolveu dar um ar da sua graça e despiu a casaca por completo. Leiam este magnífico excerto:
Que a medida é extremamente inteligente, acho que é. Que os empresários que se apresentaram contra a medida são completamente ignorantes, não passariam do primeiro ano do meu curso na faculdade, isso não tenham dúvidas.
Neste mundo só há duas hipóteses para quem acha que todos os outros são ignorantes: um génio ou uma besta. Eu cá fico-me pela segunda.
Finalmente tivemos a prova daquilo que se andava a falar na comunicação social, que é saber quem deu esta fantástica ideia às marionetas do Governo. Nem sequer é o Vítor Gaspar que tem maior poder. São dois não-ministros deste Governo: António Borges e Braga de Macedo. São eles que defendem desde o início a recuperação do país por via da redução de salários e que andamos todos a viver acima das nossas possibilidades. Tanto disseram esta frase, que conheço quem comece a achar que realmente é verdade. Quem andou a viver acima das possibilidades foi o Estado e muito graças a conselheiros desta raça.
Além de achar toda a gente ignorante, consegue ainda desafiar a língua portuguesa, senão vejam:
Não se trata de transferir rendimentos de ninguém para ninguém
Como é que não é uma transferência?
Deixo aqui a sugestão ao Sr. Borges para me "transferir" 90% do seu dinheiro para a minha conta bancária. Se para ele não é uma transferência então ficamos todos a ganhar :)
Em Espanha preparam-se para aumentar a idade da reforma para os 67 anos, o que tem sido levado a mal por todos os trabalhadores. Eu, como um deles, tenho uma opinião dividida sobre o assunto. Por um lado é natural que após 40 e tal anos de trabalho, uma pessoa queira descansar confortavelmente. Por outro lado, para que uns descansem, os outros terão de levar com mais impostos nos seus rendimentos para suportar os reformados.
Foi por isso que foi ao Eurostat verificar quais são as esperanças médias de vida nos países europeus. Vários factos que concluí:
As mulheres continuam a viver mais uns anos que homens (entre 4 e 10 mais ou menos).
Portugal tem das piores esperanças médias de vida da Europa.
Pode parecer injusto, mas as mulheres têm mais capacidade para trabalhar mais anos do que os homens. Se tivermos todos de trabalhar até aos 67, as mulheres portugueses terão oportunidade de gozar 11 anos de reforma em média, enquanto os homens se ficam pelos 4.
Não me parece descabido que se aumente mais a idade a reforma das mulheres do que a dos homens. Não direi na proporção, mas talvez mais um ano já seria mais justo.
Na semana passada saiu o relatório "Transatlantic Trends 2012 Partners" que consiste num estudo sobre a opinião pública em várias matérias. Podem consultar mais estatísticas no link acima, mas deixo aqui alguns dos gráficos mais interessantes.
O gráfico 7 mostra a percepção das pessoas sobre o impacto que a crise está a ter nas suas vidas. Portugal aparece em segundo lugar, como um dos países que mais tem sofrido com a crise (tanto em termos absolutos como em relação a 2011).
O gráfico 8 indica a aprovação do povo sobre a maneira como a economia está a ser gerida no seu país. Os espanhóis são os que têm a pior opinião e isso tem-se reflectido nos cerca de 20 p.p. que Mariano Rajoy perdeu nas últimas sondagens. Portugal aparece em 5º lugar.
O gráfico 9 traduz a opinião de que o seu país tem um sistema económico justo e equilibrado para todos. Como é hábito em indicadores positivos, Portugal situa-se nos últimos lugares, apenas ultrapassado pela Itália, Bulgária e Eslováquia.
O gráfico 10 apresenta uma estatística sobre o que as pessoas consideram ser o caminho em relação à despesa pública:
Diminuir a despesa
Manter o nível de despesa actual
Aumentar a despesa
Portugal é esmagadoramente a favor da redução da despesa pública e por isso surge em primeiro lugar. É interessante analisar este indicador no caso da Alemanha. Mesmo tendo sucessivos superavits orçamentais e da balança comercial ao longo dos anos, a opinião pública considera que se deve baixar a despesa. Parece que o rigor faz mesmo parte da cultura desta gente...
Um indicador que eu andava à procura desde há uns tempos para cá está ilustrado no gráfico 13: sair ou não sair da zona euro. De repente parece que estamos todos de acordo que o euro foi uma má invenção. Os países sob intervenção financeira têm mais razões para ter esta opinião do que aqueles que têm pago juros negativos nas obrigações que emitem. Julgo que ainda iremos todos continuar neste casamento por mais uns tempos, mas com ainda mais violência doméstica.
Um último gráfico que achei curioso foi a opinião dos europeus sobre os candidatos americanos à presidência. Parece que por aqui ninguém gosta de republicanos ricos e idiotas.
Gosto de ouvir a opinião do Dr Paulo Morais que, por diversas vezes, se tem insurgido contra as políticas dos sucessivos governos. Desta vez encontrei um artigo de Maio em que apresenta alternativas à austeridade, embora considere que algumas não são nada fáceis de executar. Numa altura em que toda a gente anda a perguntar uns aos outros sobre medidas alternativas, fica aqui transcrito o artigo de opinião no Correio da Manhã:
"Em primeiro lugar, devem ser renegociadas todas as parcerias público-privadas rodoviárias, que chegam a ter rentabilidades garantidas superiores a 14%; o Estado terá, desde já, um ganho anual de cerca de três mil milhões de euros. A segunda medida consiste na imediata reestruturação da dívida pública, bastando substituir os contratos de crédito ruinosos, e assim poupar cerca de dois mil milhões. Não é admissível que o Estado continue a pagar anualmente em juros nove mil milhões de euros, mais do que gasta com o Serviço Nacional de Saúde.
Impõe-se ainda reduzir os alugueres e rendas imobiliárias que o Estado paga neste momento. São centenas de milhões de euros a mais em cada ano! Numa fase em que o mercado imobiliário está em baixa e as rendas nos privados vêm diminuindo progressivamente, porque não baixa a despesa do Estado nesta rubrica? Ainda por cima, quando muitos contratos foram inflacionados para favorecer proprietários amigos!
Outra área onde se poderia também obter um ganho de mil milhões é a da formação profissional. Grande parte da formação financiada limita-se a manter os formandos ocupados, enquanto a maioria dos recursos é desviada para o enriquecimento de alguns ‘empresários’ mais habilidosos.
Se o governo tiver coragem para implementar este tipo de medidas, pode poupar anualmente até sete mil milhões, sem penalizar os cidadãos. E muda definitivamente a estrutura da despesa do Estado, retirando privilégios aos poderosos.
Só quando os governantes tiveram a coragem de ousar este caminho, Portugal progrediu. Foi assim com D. João II, que pensou os Descobrimentos, ou com o Marquês de Pombal, instituidor do Vinho do Porto, que limitaram regalias às grandes famílias do seu tempo – como os Duques de Bragança e Viseu ou os Távora. Se não souber ler a história, Passos Coelho será apenas mais um mau governante, dos muitos que os portugueses já tiveram de suportar."
Praticamente tudo é taxado em Portugal e parece que a tendência é para aumentar. Recentemente ouvimos a CGTP a propor uma taxa sobre o capital, o que na minha opinião, é perfeitamente justo no cenário em que nos encontramos.
Logo após esta sugestão vieram logo deitar abaixo o Arménio Carlos dizendo: "lá vem o comuna outra vez". Eu não sou comunista, mas desta vez a CGTP acertou em cheio na medida que deve ser tomada. De facto, é possível que algum capital saia do país por causa disso, mas como costumo dizer: é a vida. Tem acontecido exactamente a mesma coisa no mercado laboral. Enchem os rendimentos do trabalho com impostos e as pessoas emigram.
Resta então saber o que é mais importante para a nossa economia: capital ou trabalhadores. Eu cá acho que os dois são igualmente necessários, por isso acho que devem ser taxados em proporções semelhantes. Se a medida englobar apenas a compra e venda de acções, então quem ficará bem pior serão os especuladores, que suportam a sua vida através do short-selling. Ora, estes senhores já tiveram demasiada influência na crise mundial, pelo que considero ser mais do que justo.
É preciso começar a dar mais valor ao trabalho do que às engenharias financeiras. As segundas não trouxeram nada além da acentuação do fosso entre ricos e pobres.
Passaram-se 15 dias desde o anúncio do aumento da contribuição para a segurança social (de 11% para 18%) e podemos dizer que ela morreu. Pelo menos nos moldes em que estava prevista originalmente.
Tenho pena que não se tenha chegado a perceber ao certo o alcance da medida, porque nunca ninguém chegou a esclarecer em que é que isto ajudava as finanças do país... Quer dizer, minto. Fomos brindados com um António Mexia a elogiar a medida e que poderia diminuir os preços da electricidade - yeah right, como se não houvesse um défice tarifário gigantesco. Na melhor das hipóteses o preço poderia ser mantido ao nível actual durante mais uns tempos.
Há quem diga que era para ajudar as grandes empresas do PSI20, outros que dizem que é só para ajudar os bancos (como é a opinião do José Gomes Ferreira), mas cá para mim o objectivo do governo sempre foi arrecadar mais dinheiro para si próprio e passo a explicar.
Os trabalhadores e consumidores em geral já não garantem a mesma receita ao estado que antigamente, seja porque os seus salários estão a diminuir ou porque estão desempregados ou porque não gastam o seu dinheiro por medo. Daí que penso que se terá virado para as empresas. Estas tentam sempre ser lucrativas e por isso têm obrigação de ser menos receosas da crise do que o cidadão comum. Na perspectiva do estado, as empresas iriam poder contratar mais (o que significa mais receita em impostos e menos despesa com o subsídio de desemprego) ou então apresentar mais lucros no final do ano (o que significa mais receita em IRC).
Se foi esta ideia do Governo então estes senhores têm de ir para a Universidade outra vez (ou, em alguns casos, pela primeira vez). Nem lhes terá passado pela cabeça que a brutal redução do poder de compra resultaria numa retracção do consumo, que poderia não ser proporcional (no pior sentido claro). Assusta-me que estas pessoas com poder de decisão ignorem completamente o peixe pequeno e se dediquem a alimentar o peixe graúdo.
O presidente do Uruguai fez um discurso durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) absolutamente inspirador sobre a humanidade nos dias de hoje. Vale a pena ver aquilo que considero um discurso "à homem":
Lembro que não é o presidente de um país pobre, mas sim do país que é conhecido como a Suiça da América do Sul. Este homem faz-nos pensar: "mas que raio de modelo económico construímos para nós próprios?"
É muito comum ouvirmos na televisão e nos jornais que se devia cortar na despesa pública. Mas depois nunca se chega a enumerar concretamente as áreas em que se pode aplicar.
Olhando para o orçamento de estado de 2012, percebe-se, em linhas gerais, onde é que o dinheiro está a ser gasto (página 78). Concluo algumas coisas disto:
Gasta-se demasiado dinheiro com a Assembleia da República (83,5 milhões euros), mesmo não sabendo ao certo o que aqui está englobado.
Paga-se uma estupidez de juros e dívida pública (8 mil milhões de euros). Para terem uma noção de grandeza, o não pagamento desta despesa significava passarmos de um défice orçamental para um superavit.
Gastam-se 429 milhões de euros na Defesa Nacional. Não estamos em condições financeiras nem militares de travar uma guerra, por que raio se gasta tanto em inutilidades? E ainda para mais porque o Ser Humano é o animal mais selvagem deste planeta e a qualquer momento desata a matar milhões de pessoas porque sim.
Gastam-se 7,5 mil milhões de euros em saúde. Esta é provavelmente das áreas onde mais desperdício há e por isso vale a pena apontar algumas falhas:
Até há pouco tempo os hospitais negociavam cada um por si o preço dos medicamentos com os fornecedores. Ninguém conseguiu pensar que se negociassem para um conjunto vasto de hospitais o preço diminuiria significativamente.
Há médicos pagos a preço de ouro que não cumprem integralmente o seu horário e ainda aproveitam para ir fazer umas horas para uma empresa privada.
Não há praticamente controlo da medicação gasta nos hospitais. Vai-se dando aos doentes, vai-se deitando fora porque passou de validade, alguns funcionários levam medicamentos para casa e por aí fora...
Anda-se a cortar na Educação, quando é esta que nos pode safar como país a longo prazo.
Gastaram-se mais de 40 milhões de euros no Censos 2011. Não há maneiras menos custosas de obter esta informação?
Na página 122 está um gráfico com o dinheiro que se prevê gastar em parcerias público-privadas: em média pagar-se-á um subsídio de natal de toda a função pública aos privados por ano até 2040.
Há muito por onde cortar, mas ninguém quer tocar em interesses instalados. Ainda hoje ouvi na rádio uma excelente observação:
quer-se cortar nas parcerias público-privadas, os privados queixam-se e o Governo não corta
quer-se diminuir os privilégios dos médicos, a Ordem reclama e o Governo tem de ceder
quer-se aumentar o número de alunos por turma em 4 ou 5, os sindicatos dos professores levantam cabelo e o Governo não aumenta tanto
quer-se nivelar os salários dos gestores públicos com o do 1º ministro, mas depois dão-se excepções por razões de concorrência
Resumindo, toda a gente diz que de facto temos de fazer sacrifícios para sairmos da situação em que estamos, mas quando chega a hora de o fazer ninguém aceita. O papel do Governo é fazer o que deve fazer: distribuir proporcionalmente e sem excepção os sacrifícios por todos os 10 milhões de portugueses.
A dívida é um conceito engraçado inventado por um conjunto de banqueiros e que representa o preço de um empréstimo. Não sendo economista, nem nada que se pareça, faz-me confusão como é que tudo começou. Imprimiu-se a primeira nota de 10€ e emprestou-se a troco de 11€? De onde vem o euro adicional?
Parece-me que esta dúvida básica que tenho está na origem da explicação do crescimento da dívida mundial: jamais será possível pagar toda a dívida existente, porque não há dinheiro suficiente para a pagar. Se esta frase está correcta (alguém que me contrarie por favor) então significa que andamos todos a pagar indefinidamente às entidades que iniciaram todo este processo - bancos.
Muito se fala da dívida pública portuguesa nos últimos tempos e de quem é a culpa. Pois bem, este link apresenta uma distribuição da acumulação da dívida pelo vários governos.
A dívida nunca parou de descer em altura alguma desde pelo menos 1981. Como é possível os sucessivos governos não tomarem medidas para evitar este nítido crescimento insustentável? Beneficiou-se claramente uma geração com prejuízos para as seguintes. E digo propositadamente no plural, porque estando aos níveis actuais (>100% do PIB), são precisas várias dezenas de anos para a diminuir, partindo do princípio que se faz tudo bem entretanto. Não adianta culpar apenas o Sócrates ou o Cavaco, foram todos responsáveis por aumentar a dívida, sem pensar que um dia isto rebentaria.
Estima-se que, dividindo a dívida pública por cada um dos seus habitantes, cada português terá de pagar cerca de 19 mil euros. Estamos completamente enterrados até ao pescoço.
Por esse mundo fora contam-se variadíssimos casos de dívidas públicas insustentáveis. Basta observar o infográfico que o The Economist disponibiliza:
Até quando vão os países suportar uma dívida insustentável? A solução tem sempre passado por imprimir moeda nova para pagar dívidas antigas, mas eventualmente isto trará ainda mais problemas. Estes pagamentos que toda a gente está obrigada a fazer, acabam por resultar numa transferência brutal e cada vez maior dos pobres para os ricos. Chegará o dia (talvez dos meus bisnetos ou nem isso) em que o mundo inteiro terá de declarar um default, cortar a dívida de uma vez por todas e arranjar um novo sistema monetário.
No expresso vem uma sondagem realizada após o anúncio das medidas de austeridade, para verificar quem ganharia as eleições ao dia de hoje.
Qual não é o meu espanto quando vi que o PSD ainda tem 33% dos votos... Como é possível haver 33% dos eleitores que ainda votam nestes montes de esterco? Bem sei que há boys, tachos e tudo mais que devem votar em quem lhes dá a mama, mas serão assim tantos?
Uma infeliz não-surpresa foi a ultrapassagem por parte do PS. Andamos constantemente a alternar entre partidos e portanto tudo se mantém na mesma. Ao PS basta esperar que o PSD faça merda enquanto é governo e vice-versa. Também não acho que os restantes partidos sejam uma alternativa viável, por isso acho que a nossa democracia está podre por natureza.
Já que tenho este blog onde posso despejar ideias, por mais estúpidas que sejam, cá vai um conjunto de regras para um sistema político mais saudável:
Todos os partidos apresentam propostas concretas para cada um dos 4 anos de governação.
As pessoas votam exclusivamente nas propostas.
O(s) partido(s) que subscrever(em) as propostas mais votadas governam.
Em cada ano, o povo tem direito a cobrar as promessas eleitorais, sob pena de saírem imediatamente do poder.
Definir-se-ia uma percentagem mínima de cumprimentos das propostas, já que a governação nem sempre é uma ciência exacta.
Se quiserem tomar medidas que requerem mais do que um ano é simples: cumpram as promessas dos primeiros anos e chegarão ao final do mandato.
Está a decorrer durante o dia de hoje e um pouco por todo o país a manifestação contra as medidas de austeridade. Sou muito mais a favor deste tipo de manifestações do que as greves gerais convocadas pelas centrais sindicais. Estas últimas prejudicam directamente a economia e dão força apenas a sectores protegidos pelos sindicados, como por exemplo os transportes públicos. Já a manifestação de hoje foi convocada por um conjunto de cidadãos sem qualquer filiação em partidos ou sindicatos e decorre a um sábado, onde não há tanto impacto sobre a já frágil economia.
Uma coisa boa que se vê nestas manifestações é a criatividade dos cartazes que as pessoas seguram. Como para já não há taxas sobre cartazes nem multas para os mais agressivos, podemos ver pérolas como esta:
"Se quisesse trabalhar para chulos tinha ido para p***"
Outra imagem que me costuma vir à cabeça quando ocorrem manifestações é esta e dá que pensar:
Se há diferença para as manifestações anteriores (Geração à Rasca e afins) é que abrange sectores da sociedade que nunca tinham vindo para a rua anteriormente. Dos pobres à classe média-alta, dos trabalhadores aos empresários, dos de esquerda aos de direita, toda a gente está insatisfeita e por isso sai à rua.
Conhecendo o governo como conheço, com certeza que irá dar os parabéns às pessoas por exercerem o seu direito de cidadania, mas de seguida volta para o seu estado habitual:
Aproveitem bem enquanto são governo e podem contratar seguranças com o dinheiro do estado, porque depois irão gastar uma fortuna com eles ou terão de emigrar como o outro. Espero que em 2015 os portugueses vos digam o que acharam da vossa governação.
Estes muitos tubarões da troika que gostam muito de falar no bom aluno que é Portugal, onde há um consenso político e social e onde se aceitam as medidas de austeridade com muita alegria. É com muito gosto que vou ver o discurso destas bestas a mudar nos próximos tempos. Se o que for apresentado no Orçamento 2013 for aquilo que foi anunciado pelo Pedro (desde a intervenção do facebook que o trato assim) e por Vítor Gaspar, então todos os consensos irão cair imediatamente.
O ainda actual líder da UGT já manifestou a intenção de continuar a dialogar, apenas para fazer valer aquilo que tinha negociado no início do ano. À boa maneira do governo português, só cumpriram tudo o que era de mau do acordo e "esqueceram-se" das medidas positivas para o mercado laboral. Caso isto não ande para a frente, estou seriamente a contar com uma ruptura da UGT.
Por sua vez, o PS já está a preparar o seu distanciamento do governo. É uma jogada típica de todos os partidos da oposição, mas que desta vez até faz algum sentido. Tudo o que seja troca de galhardetes e politiques metem-me nojo e muito provavelmente à maioria da sociedade.
Não há pachorra para mais políticos da treta... importemos alguns da Suécia ou Dinamarca por favor!
Não parece mas ontem passaram dois jogos na televisão: Portugal-Azerbeijão e o José Gomes Ferreira-Vítor Gaspar. Tenho acompanhado o trabalho deste jornalista já há algum tempo e é um alto crítico das políticas seguidas em Portugal, sejam elas do PSD, PS ou CDS.
Pois bem, ontem o segundo jogo teve o resultado final de 15-0 para o jornalista (o de Portugal foi mais modesto: 3-0), entalando o ministro das finanças inúmeras vezes. Claro que um ministro com alguma experiência nunca fica sem resposta no sentido literal, mas que teve de desviar várias vezes o assunto, lá isso teve. Vejam o vídeo abaixo:
É de facto muito interessante analisar algumas das medidas anunciadas por Vítor Gaspar, como por exemplo a taxação de imóveis acima de 1 milhão de euros. Quantas pessoas em Portugal é que têm imóveis deste nível? Algumas centenas? Lembro-me de grandes empresários, jogadores de futebol e outros cujo rendimento não é propriamente transparente.
Aposto que quando estavam a discutir estas medidas entre eles, alguém se virou para o grupo e perguntou: "Qual é o vosso imóvel mais caro?" e alguém respondeu: "Epá, tenho um que vale 990 mil euros". E assim terá sido...
É incrível como ainda não consegui ouvir um único comentário de alguém que não pertence ao Governo, a dizer bem das medidas anunciadas na Sexta-feira passada. Por absurdo que seja, já ouvimos uma mão cheia de personalidades dos partidos que formam o Governo, a criticar o pacote anunciado: Bagão Félix, Alexandre Relvas, António Capucho, Marcelo Rebelo de Sousa, etc.
O termo do título deste post - medidas de austeridade - é já uma das principais expressões usadas hoje em dia. Para que toda a gente saiba o que têm andado a fazer nos últimos anos, visitem a seguinte página, que faz quase um diário de bordo da austeridade:
Durante esta semana este assunto vai continuar a ser largamente debatido, até porque vêm aí novidades. É óptimo porque me dá matéria constante para escrever neste blog, mas é mau porque passamos todos a sofrer mais um bocado.
Do que tenho visto na televisão, o calendário para esta semana será o seguinte:
Terça-feira, dia 11 de Setembro, fala o ministro das finanças Vítor Gaspar a propósito da quinta avaliação da Troika. A expectativa é que apresente mais um conjunto de medidas.
Quarta-feira, dia 12 de Setembro, termina oficialmente a visita da Troika a Portugal. Não se sabe se vai haver algum discurso da parte deles.
Quinta-feira, dia 13 de Setembro, Pedro Passos Coelho é entrevistado na RTP1 depois do Telejornal. Serão 50 minutos para explicar com mais detalhe as fantásticas medidas anunciadas na sexta-feira passada.
Têm o plano à vossa disposição, agora é só tomar uns Xanax e aguentar até sexta-feira :)
Há cerca de uma hora atrás aconteceu-me um evento que eu pensava ser impossível: fui roubado através da visualização de um canal de televisão!
Com efeito, o discurso de Passos Coelho superou todas as minhas expectativas, o que comprova que a raça dos políticos tem evoluído ao longo dos tempos. Começou com um discurso maçudo e carregado de bullshit, a elogiar a paciência do povo português (que é nenhuma) e como nos tínhamos de esforçar para resolver os "nossos" problemas (não me lembro de ter criado algum).
Várias conclusões espectaculares se podem retirar das palavras de Passos Coelho e que deverão sobretudo ser ensinadas às crianças portuguesas, no sentido de não chegarem àquele estado mental. Pois não é que ele se conseguiu contradizer pelo menos 3 vezes.
Elogiou a decisão do BCE sobre a compra de dívida dos países em dificuldades, quando no final de Junho deste ano afirmou em pleno parlamento que não apoiava esta medida. Quis seguir a opinião da Sra Merkel, não vá ela atiçar um rottweiler de seguida.
Afirmou que a equidade significa nivelar por cima e não por baixo, para logo a seguir anunciar que também o sector privado leva um soco no bucho. Então o que é isto senão nivelar por baixo?
"Rejeitámos um aumento de impostos". Tecnicamente a subida da Segurança Social até pode nem ser um imposto, mas que esta frase cai muito mal lá isso cai.
Mais uma vez Passos Coelho conseguiu atingir exactamente os que costumam arcar com as despesas. Quando se trata de aplicar medidas aos trabalhadores surge com números exactos, precisos e irreversivelmente decididos. Quando fala sobre os grandes grupos económicos não soube precisar número nenhum, caso contrário os portugueses ainda lho podiam cobrar.
"Redução das rendas excessivas". Mas quanto, meu palerma?
"Redução do número de fundações". Desta vez até disse a palavra "número, só faltando mesmo dizer qual era.
Não só não soube quantificar quantos é que vai cortar das PPPs, das Fundações e da electricidade como ainda lhes garantiu menos despesa com os trabalhadores com a descida da TSU. Não falou em qualquer taxação das grandes fortunas, nem qualquer agravamento dos impostos sobre o capital. Em Portugal só dá para ser uma de duas coisas:
Pobre - recebendo subsídios durante a vida toda, mas pouco dignificante.
Rico - recebendo rendas ou diminuindo os custos do trabalho.
Passos Coelho chega a dizer que cabe às empresas reflectir estas medidas na vida das pessoas. Mas alguém acredita que uma empresa vai agora contratar às paletes? As empresas não estão a contratar por falta de dinheiro, mas sim por falta de clientes. Ou que, por gastar menos dinheiro, vai praticar preços mais competitivos nos seus produtos? Claramente não conhece a grande maioria das empresas portuguesas.
Consegue também dizer que a redução dos custos do trabalho é para o nosso bem. Para que as nossas empresas sejam mais competitivas em relação ao estrangeiro. Se a competitividade se ganhasse apenas com a redução dos salários nós já seríamos um dos países mais produtivos da Europa. Este idealismo não leva o país no bom caminho e só temos a perder com estes políticos.
Tudo isto é revoltante, mas ainda nem foi apresentado o orçamento de estado para 2013. Dia 15 de Outubro vamos ficar a conhecer mais uma quantidade engraçada de medidas, entre as quais se deverá destacar a redução do número de escalões do IRS, na qual o Estado não vai ficar a perder - aliás, nunca fica.
O que me assusta é que o Estado está a ficar um gatuno mais esperto. Até agora era aumentar o IVA à parva para arrecadar mais receita. No entanto, não pensaram que sendo um imposto sobre o consumo, as pessoas podiam começar a consumir menos ou até não declarar as suas despesas. Desta vez foram cortar onde não é mesmo possível fugir e que são os salários.
Parece-me que este governo vai ficar para a história como o que mais medidas impopulares tomou. Quer-me parecer que daqui por ano estaremos a ter a mesma conversa sobre as novas medidas de austeridade. Este ciclo vicioso muito dificilmente acabará e estes tubarões só estão a aproveitar a onda para escravizar ainda mais o povo. Curiosamente nada se falou sobre o programa da Troika ter sido um falhanço, portanto eles acham que a ideologia deles continua a funcionar.
A única coisa com que me posso contentar é que em 2015 vai ser um ano bom para toda a gente. Não sei porquê, mas em ano de eleições as contas públicas têm sempre uma margem para aumentos salariais e diminuição de impostos. Espero que nessa altura toda a gente se lembre desta raça de políticos (e das outras também) e vá votar em branco. Prefiro colocar pessoas novas no poleiro, do que estes meninos que desde cedo vão para as Juventudes Partidárias para lá poder chegar.
Recentemente saiu o The Global Competitiveness Report 2012 que apresenta um conjunto de indicadores sobre 144 países. Daqui muitas conclusões se podem tirar, mas a que mais se destacou nas notícias foram as infraestruturas rodoviárias.
Se há coisa que Portugal se pode orgulhar é de ter estradas de alto nível. Aliás, o nível é tão alto que só somos ultrapassados pela França, Emirados Árabes Unidos e Singapura. Qual Suiça, qual Austria, qual Alemanha?
Isto é o resultado do trabalho de sucessivos governos que quiseram:
aumentar temporariamente o emprego em Portugal (daí o Sócrates prometer os 150.000 postos de trabalho)
fazer negociatas em que o Estado fica largamente a perder, mas que "dão retorno" aos políticos envolvidos
ganhar eleições, argumentando que deixaram muita obra feita
Eu cá sinto-me envergonhado por o meu país ficar conhecido internacionalmente como o que de melhor temos são estradas. É que nem sequer temos dinheiro para o carro, gasolina e portagens para as podermos aproveitar. Vão simplesmente ficar ali por usar e a continuar a dar rentabilidades à banca e às construtoras.
Algumas conclusões interessantes sobre Portugal a retirar do relatório, num total de 144 países:
Desperdício de dinheiros públicos: 11º a nível mundial (!!) mas a contar do fim. Na realidade estamos na posição 133.
Estávamos muito mal em termos de relações laborais (top 20 a contar do fim). No entanto não percebo porque não puseram um indicador para o salário médio pago.
Qualidade do ensino da matemática e ciência: 94º. Seria uma boa aposta para produzir mais mão de obra altamente qualificada.
Largura de banda (kb/s por utilizador): 11º & Pessoas a usar a Internet: 48º. Penso que é dos factores mais positivos em Portugal e que contribui bastante para a nossa evolução como sociedade.
Funcionamento dos tribunais: 121º. Um dos principais obstáculos ao investimento privado.
Nos vários indicadores de saúde estamos quase sempre posicionados dentro do top 30.
Algumas conclusões interessantes sobre alguns indicadores:
Os USA têm o maior PIB do mundo, que é o dobro do 2º (China), o triplo do 3º (Japão) e o quíntuplo do 4º (Alemanha)
O maior PIB per capita (ver figura) é do Luxemburgo com uns impressionantes 113.533 dólares por pessoa.
A Suiça aparece em quase todos os top 10.
O total da dívida pública do Japão em percentagem do PIB é de 229,8. No entanto eles conseguem passar mais despercebidos do que nós.
A maior flexibilidade do salário dos trabalhadores é no Uganda. Dá para imaginar porquê :P
A Islândia tem 95% da população a usar a Internet, enquanto nós só temos 55%. Isto significa que até os avozinhos de lá usam Internet. E eu que pensava que era impossível ensinar os mais velhos...
Há montes de défices e estamos mal em quase todos eles. Apenas o défice externo merece ser celebrado e muito! Olhando para os números da tabela abaixo dá para perceber que estamos quase a ter um excedente na balança comercial externa:
Há quem tente fazer disto uma má notícia, dizendo que o défice só está assim tão bom porque existe uma recessão profunda na economia portuguesa. E não deixam de ter razão! Contudo, há que perceber que esta brutal diminuição das importações é também um factor bastante positivo para nós. Não podemos, por exemplo, andar a trocar de carro todos os anos ou de dois em dois anos. A crise está a provar que, quando o português é forçado a mudar os seus hábitos (neste caso pelas piores razões), ele consegue. Porque não continuar com estes hábitos quando a crise acabar (ahahah vai acabar vai...)?
Haverá com certeza outras coisas que não deveríamos parar de importar, sobretudo aquelas que fazem gerar emprego por cá, mas é um efeito colateral indesejado da crise. Os portugueses nunca foram habituados a poupar, nem tinham razões para isso (graças aos créditos ao preço da chuva). Dir-me-ão: ah mas os salários são uma porcaria! Pois são, mas com algum sacrifício há que conseguir poupar uns trocos. Quantas vezes não vemos um vizinho que sabemos que está desempregado a ir tomar o pequeno-almoço fora? Isto são hábitos de quem acha que o dinheiro estica para sempre. Eu tenho pena é das famílias que ganham o salário mínimo, matam-se a trabalhar e por mais que tentem poupar não conseguem. Essas sim merecem a minha solidariedade.
Fazendo um pequeno exercício de matemática, observem o que é possível poupar ao longo de 20 anos, colocando de lado 100€ todos os meses:
20 anos * 12 meses * 100€ = 24000€
Constituindo depósitos a prazo a 4% TANB e recapitalizando os juros conseguem um valor superior: cerca de 33000€.
Com estes valores já conseguem ter uma ideia do pé-de-meia que é possível fazer em meia vida de trabalho.
Todos os dias gosto de ler as notícias sobre a troika para ver se finalmente têm uma ideia brilhante para acabar com a crise, mas ainda não tive sorte. Sou sempre brindado com pérolas de sapiência e hoje não foi diferente:
Estou confundido com a primeira. Então o memorando é nosso? Podemos rasgá-lo logo à noite e amanhã acordamos sem crise? Faz-me lembrar um colega que se desmarcava de tudo e mais alguma coisa e quando dava a desculpa notava-se perfeitamente que estava a aldrabar.
Com que então fomos nós que resolvemos cortar os subsídios de férias e natal, aumentar brutalmente o IVA e diminuir os tectos das despesas no IRS? Epá, ganhem tomates para admitir de uma vez por todas que as vossas soluções para resolver a crise só têm piorado tudo.
Sra Troika, diga-me lá em que país é que vocês aplicaram as vossas metodologias e agora é um país em crescimento? É que até os que são considerados "bons alunos" estão mergulhados em trampa até aos cabelos...
Quanto à segunda, é fantástico como se conseguem imaginar medidas que lixem sempre os mesmos. Até há pouco tempo ainda era daqueles que acusava os partidos de esquerda de terem sempre a mesma cassete a tocar (e ainda continuam a ter muito), mas há que dar razão à frase "quem se lixa são sempre os mesmos". Desde crianças que nos dizem que se queremos ser alguém na vida que temos de trabalhar muito. Mal chegamos à hora de ser alguém cortam-nos constantemente as pernas e lá se vão os sonhos e as esperanças. Quando é que há uma medida que abranja toda a população? Se houver um sentimento de equidade e justiça, as pessoas não perdem tempo a discutir o dia inteiro e produzem muitíssimo mais. A justiça é constantemente atropelada por esta malta que se julga superior e não se apercebem que é o que mais afasta os vários sectores da sociedade.
Eu sei que é impossível agradar a gregos e a troianos, mas tentem aplicar estas medidas nos troianos a ver se eles gostam.
No dia em que a troika sair de Portugal vou jantar fora para celebrar. Não posso é depender dessa refeição para sobreviver...
É incrível o que é possível fazer no meio financeiro sem se ser preso. Se uma pessoa roubar 200€ vai presa, mas se roubar 200€ milhões é resgatada pelos políticos. Isto porque se desenvolveu uma ideia na sociedade que me irrita profundamente: "too big to fail". É uma mensagem clara aos senhores do dinheiro, que podem perfeitamente brincar e arriscar o dinheiro dos depositantes sem se preocupar. Se a coisa correr mal, são os próprios contribuintes/depositantes que vão salvar o dinheiro destes senhores.
No fundo, é perfeitamente possível extrapolar o que é retratado neste filme sobre os bancos americanos para os portugueses. Está à vista de todos que existem poderes instalados, mas são como os gambuzinos: ninguém os consegue apanhar.
Há uma desregulação completa dos meios financeiros, que impede que a verdadeira economia se desenvolva. Contudo, quem poderia fazer alguma coisa para travar algumas loucuras está normalmente interessado em ir para lá trabalhar daqui por uns anos e por isso fica tudo na mesma.
Um dos últimos exemplos foi o HSBC e a taxa LIBOR (ver artigo). Mas alguém acredita que eles vão ser severamente penalizados? No máximo passam-lhes uma multa que nem deve chegar a 1% do lucro que obtiveram e escrevem uma lei super vaga para tentar regular esta actividade. Infelizmente vivemos num mundo em que quem tem dinheiro é que manda, enquanto os outros brincam às democracias...
Claramente, o modelo de privatização - recentemente apresentado por António Borges - da estação televisiva pública é mais uma maneira de entregar aos privados o património do país, sem beneficiar rigorosamente nada. Trata-se de fazer uma concessão a alguém, entregando o dinheiro pago pelos portugueses na factura eléctrica e esperar que esse alguém passe conteúdos do interesse nacional.
Não é de agora que sou contra a privatização de tudo o que é público. Os políticos têm o dom de encher as cabeças das pessoas com ideias que lhes dá jeito e as privatizações são uma delas. "Temos de diminuir o peso do estado na economia". Mas quem é que determina qual o peso que um estado deve ou não ter na economia? Por que raio devemos vender empresas públicas rentáveis? (sim, porque os abutres privados só aparecem para comprar empresas públicas que dêem dinheiro, que é como quem diz as empresas com um monopólio gigantesco nas suas áreas de actividade). É para diminuir o défice que tanto se fala? Não. O dinheiro das privatizações não entra para estas contas. É para diminuir a dívida pública? Parece que sim, mas estamos a falar duma dívida na ordem dos 200 mil milhões de euros. Tomando como exemplo a mais valiosa empresa privatizada neste ano teríamos de vender cerca 74 EDPs para reduzir a dívida a zero.... Ou seja, estamos a encaixar dinheiro agora mas a longo prazo ficaremos a perder imenso, o que do ponto de vista de gestão é irracional.
Voltando à RTP, é interessante analisar o histórico das suas contas. Pelo que tem aparecido nos jornais, a RTP deu prejuízo ao longo de duas décadas, estando agora num ponto de inversão. No último ano ocorreram grandes reestruturações que levaram à redução brutal da despesa, permitindo obter lucro em 2011. Estão a querer dizer-me que depois deste esforço todo para chegar a um balanço positivo se vai privatizar a RTP? E tudo porque "o povo português votou neste programa eleitoral"? Então e aqueles que votaram para não ficar sem os subsídios de férias e de natal? Só tentam cumprir as más promessas e as boas deixam-nas para a campanha eleitoral seguinte? É por estas e por outras que eu acredito que dentro de 5 ou 10 anos, apenas uma pequena minoria dos portugueses irá às urnas...
Deixo algumas sugestões para o que deveria ser um serviço público de televisão:
Deve apresentar apenas concursos que promovam a cultura geral.
Não repetir até à exaustão um tipo de programa (por exemplo os 92 programas de cantar e 123 programas de dançar)
No que diz respeito ao futebol, transmitir apenas os jogos da selecção. Embora goste de ver futebol de clubes, penso que não deve fazer parte do serviço público.
Evitar contratar apresentadores ou apresentadoras por ordenados milionários. Usar esse dinheiro para construir programas de qualidade que promovam Portugal.
Moderar o negativismo nas notícias: é contagiante e só serve para aumentar a revolta das pessoas.