O INE publicou o relatório "Contas Nacionais Trimestrais Por Sector Institucional" relativo ao 3º trimestre de 2012, onde aparece um dado interessante sobre o mercado laboral: estamos a ficar mais baratos. Um dos principais objectivos deste Governo é o de tornar Portugal apetecível para o investimento estrangeiro, não pela qualidade mas pelo preço.
Com o gráfico abaixo, não há mais desculpas para o Governo dizer que não estamos mais competitivos. Se mesmo assim não houver uma recuperação económica, a culpa já não poderá ser atribuída aos trabalhadores caríssimos (!) de Portugal, mas sim exclusivamente aos "trabalhadores" do Governo.
"A diminuição dos CTUP acentuou-se, passando de uma taxa de variação de -2.2% no 2º trimestre de 2012, para -2,4% no 3º trimestre de 2012. O contributo da variação da remuneração média (-1,1%) para aquela diminuição foi reforçado pelo aumento de 1,3% da produtividade aparente da economia no 3º trimestre de 2012."
domingo, 30 de dezembro de 2012
Embaratecer Portugal
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
Os amigos do BPN
Bem sei que a imprensa tem um poder enorme de fabricar a opinião dos portugueses, mas acho que no caso do BPN não há mesmo muitas dúvidas sobre os actos criminosos que lá ocorreram. A SIC fez uma reportagem que sumariza os principais esquemas em que o BPN estava envolvido que, na minha opinião, é muita elucidativa. Vejam por vocês próprios:
domingo, 23 de dezembro de 2012
10 Outrageous Predictions for 2013
É este o título do exercício anual que o Saxo Bank costuma fazer. São previsões propositadamente exageradas, mas com algum fundamento. O Jornal de Negócios traduziu-as num artigo, que irei colocar aqui:
1. O DAX de Frankfurt vai mergulhar 33%
Em 2012, a Alemanha teve uma clara supremacia face ao resto das bolsas europeias, mesmo tendo em conta a crise no continente e a fraca actividade chinesa.
O abrandamento da economia chinesa vai colocar um travão na expansão industrial alemã. Isto causará uma estagnação dos inventários e uma diminuição dos lucros de grandes empresas como a Siemens, a BASF e a Daimler. Este stress de mercado irá degradar a confiança dos consumidores, e como resultado disso, a procura interna.
Com a fraca procura interna e a queda nas exportações, os índices de aprovação da chanceler Merkel irão cair a pique, podendo obstruir a sua reeleição no terceiro trimestre do ano. Com uma fraca economia e muita instabilidade política, o DAX vai descer para 5.000, ou seja, 33%.
2. A nacionalização da maioria das empresas de electrónica do Japão
As empresas de electrónica do Japão, outrora a glória da nação, entraram numa fase terminal após o país ter sido ultrapassado nessa área pela Coreia do Sul, com especial destaque para a Samsung. Com este declínio, as empresas direccionaram-se para o mercado interno, algo com elevados custos em sintonia com o nível de vida do Japão.
Perdas na ordem dos 30 milhões de dólares (22,6 milhões de euros) nas empresas como a Sharp, Panasonic e Sony deteriorarão a credibilidade das empresas que serão nacionalizadas, num “déjà-vu” do mercado automóvel americano. Em 8 dos últimos 16 anos o PIB (produto interno bruto) do Japão não cresceu, consequência dos resgates
3. Soja aumenta 50%
O mau tempo em 2012 causou o caos nas culturas e teme-se que este cenário se mantenha em 2013, nas épocas de plantação e de crescimento. O stock de soja é precário, fruto de 9 maus anos, o que leva a que a volatilidade do seu preço fique exposta a disrupções.
O aumento na procura de biocombustíveis, neste caso óleo de soja refinado, vai fazer com que o preço aumente em cerca de 50%
4. Ouro a 1.200 dólares (906 euros) por onça (28,35 gramas)
A força da recuperação dos Estados Unidos em 2013 vai surpreender os mercados e especialmente os investidores em ouro, que durante os últimos anos tem dominado o mercado.
As mudanças verificadas na economia americana, combinadas com a falta de recuperação na procura física do ouro na China e na Índia, onde ambos lutam contra um fraco crescimento e desemprego crescente, despoleta a liquidação do ouro. Isto é fruto da decisão da Reserva Federal americana em reduzir ou eliminar em definitivo a compra ou hipoteca de obrigações do tesouro.
Os fundos de investimento vão mudar-se para o lado vendedor, o que fará com que o ouro desça de 1.500 dólares para 1.200 dólares antes que as economias emergentes ou os bancos centrais possam tirar vantagem dessa redução.
5. Barril de petróleo atinge os 50 dólares
A produção de energia nos Estados Unidos continua a aumentar para além das expectativas, graças às avançadas técnicas de extracção de petróleo do xisto betuminoso.
A produção de barris de petróleo continuará a crescer e com um inventário para 30 anos, os preços baixarão para 50 dólares o barril. O lado da oferta, ou seja, a Rússia e os países exportadores de petróleo irá reagir muito tarde, hesitando em reduzir a produção, mantendo a oferta alta.
6. 60 ienes valem 1 dólar
O Partido Liberal Democrático volta ao poder com a punição do iene na agenda. Mas a realidade é que um parlamento pouco cooperativo e a resistência do Banco do Japão, significam que apenas algumas medidas serão introduzidas.
Entretanto, o mercado vai ficar pouco satisfeito com a ideia de enfraquecer o iene. A deflação e a repatriação de investimentos farão com que este se fortaleça e chegue aos 60 ienes por dólar.
7. Hong Kong muda o regime de câmbios fixos do dólar americano para o renminbi chinês
A China mergulha no seu compromisso político de se afastar do dólar americano, e dá esse grande passo quando Hong Kong tomar a decisão de mudar o seu regime de câmbios fixos do dólar americano para o renminbi chinês.
Outros países asiáticos irão mostrar o desejo de fazer o mesmo. A China irá começar a aumentar a convertibilidade para apanhar uma fatia maior do mercado de comércio. Rapidamente a volatilidade do renminbi aumentará enquanto a China perderá o gás, tornando Hong Kong o mais importante centro de comércio de renminbi.
8. Banco Central Suíço interrompe combate à subida do franco
Com a eleição em Itália e os problemas na Grécia, Portugal e Espanha, haverá um grande movimento de capitais para a Suíça, o que levará a que o governo suíço e o seu banco central decidam deixar o franco apreciar-se em relação ao euro.
Eventualmente, a sua apreciação irá parar, mas não antes de 0,95 francos suíços valerem 1 euro.
9. Espanha aproxima-se do incumprimento enquanto taxas de juro aumentam para 10%
O mercado ignorar o alinhamento da periferia da União Europeia, impondo à União um risco sistémico. Este é o caso particular da Espanha, onde o rendimento de 1,8 milhões de pessoas é agora inferior a 400 euros, e onde apenas 17 milhões em 47 estão empregados.
A taxa de desemprego é de 25% e nos jovens chega aos 50%. A Catalunha continua a tentar separar-se, numa altura em que a Espanha verá o total da sua dívida explodir até aos 400% do seu PIB (produto interno bruto).
10. Yield a 30 anos dos Estados Unidos dobra
As obrigações do tesouro a 30 anos mostram um retorno esperado de 0,4% (2,8% de yield menos 2,4% de inflação) para os próximos 30 anos. É esperado que a Reserva Federal mantenha as taxas baixas, mas em 2013 isto pode mudar graças à política da taxa de juro de 0%, o que obriga os investidores a mover o capital para conseguirem uma yield.
O mercado das obrigações é de 157 biliões de dólares contra uma valorização de mercado de 55 biliões. Isto significa que por cada dólar em acções há três em obrigações.
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
Estatísticas por Municípios - Preço da habitação
O INE publicou os Anuários Estatísticos Regionais, onde apresenta dados sobre vários temas ao nível municipal.
Em baixo apresento um mapa interessante que ilustra o preço da habitação por município. Todos nós temos noção das áreas onde é mais caro comprar casa, mas este mapa deixou-me surpreendido com a região do Algarve.
Em baixo apresento um mapa interessante que ilustra o preço da habitação por município. Todos nós temos noção das áreas onde é mais caro comprar casa, mas este mapa deixou-me surpreendido com a região do Algarve.
Estatísticas por Municípios - Médicos
O INE publicou os Anuários Estatísticos Regionais, onde apresenta dados sobre vários temas ao nível municipal.
No que diz respeito à distribuição de médicos pelo país, dá para perceber que há necessidade de novos médicos e de colocar outros em mobilidade. Este gráfico refuta completamente o discurso proteccionista que a Ordem dos Médicos, onde argumenta que o numerus clausus das universidades de medicina deve diminuir. Penso que há claramente espaço para uniformizar o mapa abaixo.
No que diz respeito à distribuição de médicos pelo país, dá para perceber que há necessidade de novos médicos e de colocar outros em mobilidade. Este gráfico refuta completamente o discurso proteccionista que a Ordem dos Médicos, onde argumenta que o numerus clausus das universidades de medicina deve diminuir. Penso que há claramente espaço para uniformizar o mapa abaixo.
Médicos por 1000 habitantes, por município, 2011
"Vivemos acima das nossas possibilidades"
Já não é a primeira vez que me ouvem a contestar esta frase, mas desta vez vou citar um artigo muito bom que tira precisamente as conclusões que eu também tiro. As conclusões abaixo são do autor, que se baseou na análise de um estudo do Banco de Portugal e do INE chamado “Inquérito à Situação Financeira das Famílias 2010”, publicado em Maio de 2012.
- A maior parte das famílias portuguesas (63%) não devia nada aos bancos ou a qualquer outra instituição financeira;
- A maior parte das dívidas das famílias dizia respeito à aquisição de habitação (24,5% das famílias portuguesas estavam a pagar empréstimos que tinham contraído para adquirir habitação principal);
- Poucas famílias tinham outras dívidas (3,3 % tinham contraído empréstimos para adquirir outros imoveis, 13,3% tinham contraído empréstimos para outros fins e apenas 7,5% estavam a pagar empréstimos obtidos com cartão de crédito, linhas de crédito e descobertos bancários);
- Quem deve é quem tem maior rendimentoe riqueza (nos 10% das famílias com maior rendimento, 57,4% das famílias eram devedoras; no grupo das 20% com menor rendimento apenas 18,4% das famílias estavam endividadas);
- Se continuar a ler (quadro 11 do estudo) verificará também que quem mais deve é quem mais tem (a dívida mediana da classe de rendimento mais elevada é cerca de duas vezes maior do que a da classe de rendimento mais baixo, a dívida mediana da classe de riqueza mais elevada é quase seis vezes maior do que a da classe de rendimento mais baixo).
Salários médios na Europa
Não conheço a fonte da imagem abaixo, pelo que não consigo confirmar a sua veracidade. No entanto, dá para perceber que há sítios bem melhores para se ganhar a vida do que Portugal - pelo menos no que toca a dinheiro.
Sendo eu um apreciador do bom tempo e da boa comida, sobram-me poucos países onde não me importaria de trabalhar. Infelizmente os países do sul não são os fortes economicamente...
Sendo eu um apreciador do bom tempo e da boa comida, sobram-me poucos países onde não me importaria de trabalhar. Infelizmente os países do sul não são os fortes economicamente...
Literacia no mundo
Um dos factores que também explica a fraca economia portuguesa é a falta de mão-de-obra altamente qualificada. A relação entre literacia e riqueza é mais ou menos linear, pelo que se pode observar da imagem abaixo (abrir este link para ver a imagem em ponto grande).
Em 2011, o cenário não era fantástico para Portugal. Ainda continuamos a ser dos países com maiores níveis de iliteracia da Europa, o que claramente impede o nosso desenvolvimento.
Não vejo um grande futuro nesta área para Portugal, porque se está a cortar fortemente na educação básica e a restringir cada vez o acesso ao ensino superior aos mais abastados. Se apostarmos no desenvolvimento das competências dos portugueses e lhes dermos condições para se estabelecerem dignamente no nosso país, seremos certamente mais bem sucedidos do que agora.
Em 2011, o cenário não era fantástico para Portugal. Ainda continuamos a ser dos países com maiores níveis de iliteracia da Europa, o que claramente impede o nosso desenvolvimento.
Não vejo um grande futuro nesta área para Portugal, porque se está a cortar fortemente na educação básica e a restringir cada vez o acesso ao ensino superior aos mais abastados. Se apostarmos no desenvolvimento das competências dos portugueses e lhes dermos condições para se estabelecerem dignamente no nosso país, seremos certamente mais bem sucedidos do que agora.
domingo, 16 de dezembro de 2012
Privatizar a educação
Vale a pena ver a reportagem feita pela TVI sobre o financiamento de colégios privados. Como é habitual as personagens são ex-políticos e a maioria não presta qualquer declaração para a entrevista. Há, no mínimo, fortes indícios de crime, mas como estamos a falar de políticos tenho a certeza que eles fizeram tudo no limite da legalidade. Já não falo em moralidade, porque essa nunca chegou a existir nos políticos portugueses.
Esta e outras reportagens não me dão confiança nenhuma para as privatizações que decorreram e que decorrem, além de que é liderado por duas pessoas com pouquíssima legitimidade: Miguel Relvas e António Borges.
Não tenho dúvidas que daqui por uns anos vamos estar a assistir a reportagens feitas sobe as empresas que estão a ser privatizadas agora. A minha descrença pela classe política é total.
Esta e outras reportagens não me dão confiança nenhuma para as privatizações que decorreram e que decorrem, além de que é liderado por duas pessoas com pouquíssima legitimidade: Miguel Relvas e António Borges.
Não tenho dúvidas que daqui por uns anos vamos estar a assistir a reportagens feitas sobe as empresas que estão a ser privatizadas agora. A minha descrença pela classe política é total.
sábado, 15 de dezembro de 2012
Capitalismo
É um daqueles chavões com conotação negativa para a grande maioria das pessoas. Eu sinto-me incluído nesse grupo, até porque os defensores do capitalismo só me dão razões para isso. Desta vez, foi o CEO da Google a proclamar o seu orgulho por ter conseguido fugir aos impostos.
É triste constatar que os impostos tendem a subir para a população que trabalha e a descer para as grande corporações. Parece uma visão ideologicamente comunista, mas a verdade está à vista de todos e o tempo em que se podia chamar (com razão) de anti-capitalistas aos comunistas já está a passar à história. Neste momento é muito mais claro que tem havido uma transferência gigantesca de dinheiro para os grandes grupos económicos, ao ponto de toda a Europa se manifestar contra o assunto.
Outro exemplo de quem hipóteses de fugir aos impostos é o de Gérard Depardieu.
Depois do anúncio da taxa de solidariedade francesa de 75%, têm sido várias as pessoas abastadas que têm vendido activos em França e comprado na Bélgica. Contudo, este exemplo não é comparável com o da Google, uma vez que esta se está a tentar livrar duma taxa de 30 ou mais por cento, enquanto os franceses estão se estão a tentar livrar duma taxa de 75%. Penso que Hollande exagerou e que o tiro lhe vai sair pela culatra.
É triste constatar que os impostos tendem a subir para a população que trabalha e a descer para as grande corporações. Parece uma visão ideologicamente comunista, mas a verdade está à vista de todos e o tempo em que se podia chamar (com razão) de anti-capitalistas aos comunistas já está a passar à história. Neste momento é muito mais claro que tem havido uma transferência gigantesca de dinheiro para os grandes grupos económicos, ao ponto de toda a Europa se manifestar contra o assunto.
Outro exemplo de quem hipóteses de fugir aos impostos é o de Gérard Depardieu.
Depois do anúncio da taxa de solidariedade francesa de 75%, têm sido várias as pessoas abastadas que têm vendido activos em França e comprado na Bélgica. Contudo, este exemplo não é comparável com o da Google, uma vez que esta se está a tentar livrar duma taxa de 30 ou mais por cento, enquanto os franceses estão se estão a tentar livrar duma taxa de 75%. Penso que Hollande exagerou e que o tiro lhe vai sair pela culatra.
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
Reservas de ouro
Hoje resolvi consultar um ranking que sempre quis saber: a lista de entidades com maiores reservas de ouro. Sempre ouvi dizer que Portugal tinha das maiores reservas de ouro do mundo e por acaso até não estamos mal servidos.
Não fosse a vinda do FMI nos anos 80 a Portugal e ainda teríamos uma bela quantidade de ouro.
Não fosse a vinda do FMI nos anos 80 a Portugal e ainda teríamos uma bela quantidade de ouro.
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
Ranking de transparência
Há alguns dias foi actualizada a tabela do índice de percepção da corrupção e é curioso verificar que há uma relação directa entre a prosperidade e a transparência. Já dizia o outro ministro que se Portugal não tivesse corrupção, teria um nível de vida equivalente aos países nórdicos.
É um pouco humilhante verificar que a população do Botswana acha que o seu país é menos corrupto do que os portugueses sobre Portugal. Acho que isto diz muito sobre o nosso nível civilizacional.
É um pouco humilhante verificar que a população do Botswana acha que o seu país é menos corrupto do que os portugueses sobre Portugal. Acho que isto diz muito sobre o nosso nível civilizacional.
sábado, 8 de dezembro de 2012
Reformas do funcionalismo público
Admito que vou fazer este post sem conhecimento de causa, mas não deixam de ser cómicas algumas das reformas da função pública. Podem consultar as listas aqui.
Alguns exemplos que saltam à vista quando analisei esta lista:
Alguns exemplos que saltam à vista quando analisei esta lista:
- Reverificadora- Autoridade tributária e aduaneira - € 1 881,57. Que profissão é esta que merece esta reforma? É a pessoa do double-check ou de Quality Control?
- Se soubesse o que sei hoje teria feito carreira militar. A média de reformas deste sector deve andar perto dos 1700€. englobando a força aérea, marinha, GNR, PSP e exército. As forças militares sempre foram muito protegidas e bem tratadas em Portugal, não vá resolverem dar um golpe de estado. É escandaloso o que se paga a esta gente, sobretudo quando se está em crise e não há necessidade urgente de forças militares. Tudo com o intuito de os manter calminhos...
- Técnico de emprego - Inst Emprego Formação Profissional - € 2 953,97. Não sabia que havia técnicos de emprego. Claramente este senhor tem falhado na sua função nos últimos anos - deve ser por isso que se vai reformar.
- Fiscal Municipal Trânsito (Coordenador) - Município de Lisboa - € 1 620,04. Coordenar o trânsito por 1620€? Onde é que eu assino?
- No Ministério da Saúde é onde existem reformas mais chorudas. Contei mais de uma dezena acima de 4000€. Médicos e enfermeiros são os mais bem pagos.
- A grande fatia de reformados vem do Ministério da Saúde.
- A média das reformas dos professores não deve andar muito longe dos 2000€. Já foi muito bom ser-se professor neste país. Agora os mais novos estão a sofrer pelos abusos do passado.
- Pinto Monteiro - ex Procurador Geral da República - € 5 516,97. Esta não sei se é merecida ou não, mas como é uma personalidade pública resolvi publicar aqui.
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
Portugal extinto em 2204?
É este o título de um artigo escrito para o PressEurop que, embora exagerado, tenta levantar a discussão do envelhecimento da população. O artigo é sobre Portugal mas, lendo os comentários, percebe-se que são bastantes os países que enfrentam este problema.
Na minha opinião, este é um problema mais psicológico/social do que financeiro. Podem e devem existir incentivos fiscais para que as pessoas tenham mais filhos, mas não me parece que esse seja o principal factor. Nas últimas décadas as pessoas habituaram-se a viver com cada vez maior qualidade e não querem abdicar dela. Ter um filho é visto por muita gente como um fardo a carregar para o resto da vida, que poderá impedir de atingir objectivos profissionais e financeiros.
Infelizmente, a sociedade precisará de um choque para perceber que se está a extinguir. Quanto mais não seja, quando verificarem que o sistema de pensões do seu país não é sustentável, por não haver jovens a trabalhar.
Espero sinceramente que sejam tomadas decisões ao nível da Comissão Europeia, que terão obrigatoriamente de passar por descriminações positivas fiscais. Pelo menos, numa primeira fase...
Na minha opinião, este é um problema mais psicológico/social do que financeiro. Podem e devem existir incentivos fiscais para que as pessoas tenham mais filhos, mas não me parece que esse seja o principal factor. Nas últimas décadas as pessoas habituaram-se a viver com cada vez maior qualidade e não querem abdicar dela. Ter um filho é visto por muita gente como um fardo a carregar para o resto da vida, que poderá impedir de atingir objectivos profissionais e financeiros.
Infelizmente, a sociedade precisará de um choque para perceber que se está a extinguir. Quanto mais não seja, quando verificarem que o sistema de pensões do seu país não é sustentável, por não haver jovens a trabalhar.
Espero sinceramente que sejam tomadas decisões ao nível da Comissão Europeia, que terão obrigatoriamente de passar por descriminações positivas fiscais. Pelo menos, numa primeira fase...
Isolamento ferroviário
Já que ando numa de mostrar gráficos, aproveito para colocar um sobre as bitolas. O mapa abaixo ilustra as medidas usadas nos vários países do mundo (clicar neste link para ver em ponto grande).
Quando se fala de competitividade e que Portugal é a entrada das Américas na Europa, é importante referir que as nossas bitolas são diferentes da grande maioria dos países europeus. Aliás, só a Espanha é que usa bitolas iguais às nossas.
Isto é um claro exemplo da nabice que é isolar-mo-nos do resto da Europa, desta feita em termos ferroviários. Para que os comboios circulem da Espanha para o resto da Europa é necessário implementar mecanismos de mudança de bitolas, o que acaba por atrasar e encarecer o transporte de mercadorias (e não só).
É este tipo de decisões, que ninguém liga ao início e depois se vêm a revelar muito gravosas para a economia nacional. Ninguém falava das PPPs até começarem a ver o que elas implicavam.
É o nosso Portugal :)
Quando se fala de competitividade e que Portugal é a entrada das Américas na Europa, é importante referir que as nossas bitolas são diferentes da grande maioria dos países europeus. Aliás, só a Espanha é que usa bitolas iguais às nossas.
Isto é um claro exemplo da nabice que é isolar-mo-nos do resto da Europa, desta feita em termos ferroviários. Para que os comboios circulem da Espanha para o resto da Europa é necessário implementar mecanismos de mudança de bitolas, o que acaba por atrasar e encarecer o transporte de mercadorias (e não só).
É este tipo de decisões, que ninguém liga ao início e depois se vêm a revelar muito gravosas para a economia nacional. Ninguém falava das PPPs até começarem a ver o que elas implicavam.
É o nosso Portugal :)
Poder de compra na Europa
Recentemente dei de caras com um mapa que mostra o poder de compra em cada país da Europa (clicar neste link para ver melhor a imagem).
Nota-se claramente que há grandes desigualdades no nosso continente e que Portugal é o país mais fraco de toda a zona euro. Nem a Grécia tem um poder de compra mais baixo que o nosso, numa altura em que já levam 5 anos seguidos de recessão. Apesar de estarmos mal posicionados na zona euro, ainda estamos acima da Europa de leste, onde o poder de compra é francamente baixo.
Mais uma vez é de realçar a Noruega, onde todas as regiões do país tem um poder de compra altíssimo. A Suíça também está no top, o que indica que não é preciso estar-se na zona euro para se prosperar.
Espero que um dia possamos estar na zona vermelha...
Nota-se claramente que há grandes desigualdades no nosso continente e que Portugal é o país mais fraco de toda a zona euro. Nem a Grécia tem um poder de compra mais baixo que o nosso, numa altura em que já levam 5 anos seguidos de recessão. Apesar de estarmos mal posicionados na zona euro, ainda estamos acima da Europa de leste, onde o poder de compra é francamente baixo.
Mais uma vez é de realçar a Noruega, onde todas as regiões do país tem um poder de compra altíssimo. A Suíça também está no top, o que indica que não é preciso estar-se na zona euro para se prosperar.
Espero que um dia possamos estar na zona vermelha...
Europa - 1000 anos de instalibilidade
Hoje vi um vídeo sobre os territórios e fronteiras da Europa ao longo dos últimos 10 séculos e fiquei absolutamente maravilhado com o que vi.
A Europa é provavelmente o continente onde as fronteiras mais se alteraram ao longo da história e este vídeo demonstra bem aquilo que aconteceu. Se há coisa que este vídeo nos ensina é que não devemos ter muita confiança em que tudo ficará tal como está no futuro.
Curiosamente, Portugal mantém as suas fronteiras praticamente intactas desde a sua fundação, com a excepção do breve domínio espanhol e das invasões francesas. Podemos orgulhar-nos de sermos um país quase sempre independente, coisa que hoje em dia não verifica em todos os domínios.
Vejam e apreciem a confusão que sempre ocorreu no centro da Europa e digam lá se o vídeo não está soberbo.
A Europa é provavelmente o continente onde as fronteiras mais se alteraram ao longo da história e este vídeo demonstra bem aquilo que aconteceu. Se há coisa que este vídeo nos ensina é que não devemos ter muita confiança em que tudo ficará tal como está no futuro.
Curiosamente, Portugal mantém as suas fronteiras praticamente intactas desde a sua fundação, com a excepção do breve domínio espanhol e das invasões francesas. Podemos orgulhar-nos de sermos um país quase sempre independente, coisa que hoje em dia não verifica em todos os domínios.
Vejam e apreciem a confusão que sempre ocorreu no centro da Europa e digam lá se o vídeo não está soberbo.
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
Crédito bancário: evolução dos últimos anos
No último Relatório de Estabilidade Financeira do Banco de Portugal aparecem alguns gráficos interessantes sobre a evolução do crédito concedido pelos bancos.
No gráfico abaixo aparece a evolução das taxas de juro aplicadas desde Janeiro de 1999 até aos dias de hoje. É possível verificar que até ao crash financeiro de 2008, o crédito era cada vez mais barato, levando muita gente a endividar-se. A partir dessa data tem-se verificado uma tendência de subida que não parece parar por aqui.
O último gráfico comprova que o crédito concedido pela banca tem vindo a descer acentuadamente. Creio que a quebra se deve tanto às dificuldades dos bancos, como do receio dos particulares.
O gráfico abaixo mostra o endividamento dos particulares à banca e à primeira vista dá a entender que as pessoas contraíram mais crédito. Na realidade, o endividamento é medido em relação ao rendimento disponível, sendo que este é que diminuiu drasticamente nestes dois últimos anos.
O último gráfico comprova que o crédito concedido pela banca tem vindo a descer acentuadamente. Creio que a quebra se deve tanto às dificuldades dos bancos, como do receio dos particulares.
sábado, 1 de dezembro de 2012
Propinas no ensino secundário
Pedro Passos Coelho nunca consegue passar uma entrevista sem dizer frases polémicas. Desta feita, duas destacaram-se: considerar Paulo Portas o número 3 do Governo (atrás de Vítor Gaspar) e insinuar que a educação no ensino secundário poderá vir a ser financiada pelas famílias portuguesas. Prefiro debruçar-me sobre a segunda e deixo a primeira para o Marcelo Rebelo de Sousa.
A insinuação sobre o financiamento do ensino secundário foi feita a propósito do corte de 4 mil milhões de euros que tem de ser pensado até Fevereiro de 2013. Ora, não deixa ser sintomático que, querendo apresentar medidas de corte da despesa, se comece por uma do lado da receita. Este Governo tem tendência para ir parar aos aumentos de impostos, obrigando a torcer a semântica das suas palavras para parecer que se trata de um corte.
Sabendo que o ensino secundário foi tornado obrigatório (e bem, na minha opinião) não é possível obrigar os portugueses a pagar uma propina, ainda que mínima, por um serviço para o qual já descontam. A conversa de termos um Estado Social que custa mais do que aquilo que descontamos não é inteiramente verdade. É certo que é pesado, mas é perfeitamente possível torná-lo sustentável. O que é insustentável é aguentar a despesa em dívida pública e é para aí que os nossos impostos estão a ser conduzidos.
Emburrecer (permitam-me inventar esta palavra) a população, tornando difícil o acesso à educação, é dar razão aos que acham que existe uma elite que o pretende fazer intencionalmente. Sem uma classe média (não só, mas sobretudo) instruída, estes senhores têm o caminho livre para fazer o que bem lhes apetece. Posto isto, sou a favor de uma escola pública totalmente gratuita durante o ensino obrigatório, mesmo que temporariamente implique mais endividamento. É com uma população bem formada que conseguiremos gerar valor.
A insinuação sobre o financiamento do ensino secundário foi feita a propósito do corte de 4 mil milhões de euros que tem de ser pensado até Fevereiro de 2013. Ora, não deixa ser sintomático que, querendo apresentar medidas de corte da despesa, se comece por uma do lado da receita. Este Governo tem tendência para ir parar aos aumentos de impostos, obrigando a torcer a semântica das suas palavras para parecer que se trata de um corte.
Sabendo que o ensino secundário foi tornado obrigatório (e bem, na minha opinião) não é possível obrigar os portugueses a pagar uma propina, ainda que mínima, por um serviço para o qual já descontam. A conversa de termos um Estado Social que custa mais do que aquilo que descontamos não é inteiramente verdade. É certo que é pesado, mas é perfeitamente possível torná-lo sustentável. O que é insustentável é aguentar a despesa em dívida pública e é para aí que os nossos impostos estão a ser conduzidos.
Emburrecer (permitam-me inventar esta palavra) a população, tornando difícil o acesso à educação, é dar razão aos que acham que existe uma elite que o pretende fazer intencionalmente. Sem uma classe média (não só, mas sobretudo) instruída, estes senhores têm o caminho livre para fazer o que bem lhes apetece. Posto isto, sou a favor de uma escola pública totalmente gratuita durante o ensino obrigatório, mesmo que temporariamente implique mais endividamento. É com uma população bem formada que conseguiremos gerar valor.
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
Duodécimos ou nem por isso?
A propósito do que se tem falado acerca da diluição dos subsídios de férias e de natal por todos os meses do ano, devo dizer que há vantagens e desvantagens.
Do lado das vantagens salta logo à vista o facto de obtermos liquidez antecipadamente, o que permite fazer face às despesas mensais. Para aqueles que conseguem poupar uns trocos no final do mês significa que vão poder rentabilizar uma quantia maior de dinheiro.
Para as empresas será teoricamente melhor evitar picos de necessidade de liquidez, o que se poderá traduzir em menos salários/subsídios em atraso (coisa que tem acontecido bastante mais do que no ano passado).
Do lado das desvantagens vejo apenas com preocupação o precedente que poderá abrir para o futuro. Fundir salário com subsídios definitivamente e sem alterar os escalões do IRS fará com que paguemos mais impostos no final do ano. Outro efeito indesejado poderá ser uma redução geral dos salários pagos pelas empresas, pelo facto das pessoas estarem habituadas a negociar ao mês. Pelos mesmos 1000€ de salário actuais, terão de ser negociados por exemplo 1100€ (sem rigor matemático).
O que quer que aconteça, penso que já é altura de se negociarem valores brutos anuais de salário com as empresas. Elimina todas estas confusões de uma vez por todas.
Do lado das vantagens salta logo à vista o facto de obtermos liquidez antecipadamente, o que permite fazer face às despesas mensais. Para aqueles que conseguem poupar uns trocos no final do mês significa que vão poder rentabilizar uma quantia maior de dinheiro.
Para as empresas será teoricamente melhor evitar picos de necessidade de liquidez, o que se poderá traduzir em menos salários/subsídios em atraso (coisa que tem acontecido bastante mais do que no ano passado).
Do lado das desvantagens vejo apenas com preocupação o precedente que poderá abrir para o futuro. Fundir salário com subsídios definitivamente e sem alterar os escalões do IRS fará com que paguemos mais impostos no final do ano. Outro efeito indesejado poderá ser uma redução geral dos salários pagos pelas empresas, pelo facto das pessoas estarem habituadas a negociar ao mês. Pelos mesmos 1000€ de salário actuais, terão de ser negociados por exemplo 1100€ (sem rigor matemático).
O que quer que aconteça, penso que já é altura de se negociarem valores brutos anuais de salário com as empresas. Elimina todas estas confusões de uma vez por todas.
sábado, 24 de novembro de 2012
Europa, mas qual Europa?
Os nossos brilhantes líderes europeus voltaram a mostrar aquilo que valem: nada. Não há consenso sobre o orçamento plurianual 2014-2020, sendo certo que irá haver uma redução muito significativa em relação ao que havia até agora.
A Europa não estava tão partida desde há mais de 30 anos e a coisa não parece melhorar. A abundância de dinheiro fez com que a Europa tivesse unida até agora, mas a falta dele está a mostrar o carácter de cada um. Nenhum país quer genuinamente ajudar os restantes, sendo tudo feito para benefício próprio. O Reino Unido pretende reduzir o orçamento em 200 mil milhões, tem sido irredutível na sua posição e parece estar a fazer tudo para o convidarem a sair da União Europeia.
Quando me perguntam como é que vejo a Europa daqui por 20 anos fico com muitas dúvidas, o que é mau. É sinal que começamos a não ter qualquer fé ou esperança no rumo que está a ser seguido. Com a continuação da doutrina da austeridade vislumbro tempos ainda mais difíceis do que os actuais.
Há pessoas que não sabem ou se esquecem que a ascensão do Hitler resultou de um período de muita turbulência financeira na Alemanha. Aliás, na Roma antiga criou-se a política do Pão e Circo, em que se dava comida e diversão aos cidadãos para que estes não se revoltassem contra os seus governantes. Penso que já estivemos mais longe disso.
A Europa não estava tão partida desde há mais de 30 anos e a coisa não parece melhorar. A abundância de dinheiro fez com que a Europa tivesse unida até agora, mas a falta dele está a mostrar o carácter de cada um. Nenhum país quer genuinamente ajudar os restantes, sendo tudo feito para benefício próprio. O Reino Unido pretende reduzir o orçamento em 200 mil milhões, tem sido irredutível na sua posição e parece estar a fazer tudo para o convidarem a sair da União Europeia.
Quando me perguntam como é que vejo a Europa daqui por 20 anos fico com muitas dúvidas, o que é mau. É sinal que começamos a não ter qualquer fé ou esperança no rumo que está a ser seguido. Com a continuação da doutrina da austeridade vislumbro tempos ainda mais difíceis do que os actuais.
Há pessoas que não sabem ou se esquecem que a ascensão do Hitler resultou de um período de muita turbulência financeira na Alemanha. Aliás, na Roma antiga criou-se a política do Pão e Circo, em que se dava comida e diversão aos cidadãos para que estes não se revoltassem contra os seus governantes. Penso que já estivemos mais longe disso.
domingo, 18 de novembro de 2012
Subsídio de alimentação
Numa das muitas alterações ao Orçamento de Estado para 2013 que têm surgido nos últimos 2 ou 3 dias, destaco esta maravilha do Governo: baixar ainda mais o limite a partir do qual o subsídio de alimentação é tributável.
Veja-se a evolução na tabela abaixo:
Estamos a falar de uma redução de 33% em relação a 2011, o que é muito significativo. Se o sector da restauração não tinha muitas razões para sorrir, leva agora mais uma machadada no negócio. Em 2013 vai ser oficialmente impossível comer uma refeição completa num restaurante, porque simplesmente não é rentável vendê-las por pouco mais de 4€. Não creio que as pessoas estejam dispostas a gastar dinheiro do salário base para compensar, sobretudo as que têm salários baixos.
Esta redução do limite não-tributável poderá ter várias consequências, além da restauração:
Veja-se a evolução na tabela abaixo:
Estamos a falar de uma redução de 33% em relação a 2011, o que é muito significativo. Se o sector da restauração não tinha muitas razões para sorrir, leva agora mais uma machadada no negócio. Em 2013 vai ser oficialmente impossível comer uma refeição completa num restaurante, porque simplesmente não é rentável vendê-las por pouco mais de 4€. Não creio que as pessoas estejam dispostas a gastar dinheiro do salário base para compensar, sobretudo as que têm salários baixos.
Esta redução do limite não-tributável poderá ter várias consequências, além da restauração:
- As pessoas, cujo contrato de trabalho mencione o valor limite não-tributável, verão automaticamente o seu rendimento diminuir.
- As pessoas que não se incluam na alínea anterior verão o valor total da remuneração tributável subir, o que pode significar a subida de escalão do IRS.
- Saem beneficiados os fornecedores de vales e cartões de refeição como por exemplo o Alacard (do BES), uma vez que o limite para este cenário não se alterou - 6,83€
sábado, 17 de novembro de 2012
Europe economic quick facts
O Economist tem uma página dedicada a dados económicos básicos sobre vários países da Europa. Rapidamente podemos comparar alguns indicadores entre países e o que se pode concluir é que não é só Portugal que está mal. Para o ano de 2013 adivinha-se vida difícil para quase todos os países.
É curioso ver que as maiores dívidas públicas concentram-se quase exclusivamente nos países da Zona Euro. Isto parece sintomático, não?
É curioso ver que as maiores dívidas públicas concentram-se quase exclusivamente nos países da Zona Euro. Isto parece sintomático, não?
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Previsões do Banco de Portugal
O Banco de Portugal lançou o seu boletim de outono que permite tirar algumas conclusões sobre a economia de 2012 e também de 2013.
- O défice orçamental do primeiro semestre de 2012 foi de 6,8% (muito acima dos 4,5% inicialmente negociados com a troika)
- A despesa orçamentada vai aumentar 1,2% em 2013 e a receita 1,7%
- O desemprego está a aumentar bastante em certos sectores (por ordem do pior para o menos mau):
- construção (já só estão no activo pouco mais de 60% dos trabalhadores em relação ao ano de 2000)
- indústria
- agricultura
- O sector dos serviços é o que está a ser menos afectado pelo desemprego
- O consumo privado está a diminuir sobretudo nos bens duradouros e não-alimentares
- Os custos unitários de trabalho relativos estão a descer para níveis de 1999
- A balança de pagamentos está praticamente equilibrada, com mais exportações e menos importações do que em anos passados. É uma boa notícia em termos financeiros, o que não implica que o seja economicamente.
- Em 2013 teremos uma recessão de 1,6% (60 pontos base acima da estimativa do governo)
- Espera-se que o preço do petróleo baixe ligeiramente (5%)
Em resumo, o Banco de Portugal espera um ano menos mau para a economia portuguesa do que 2012, muito embora à custa de aumentos severos de impostos. Esperemos que as previsões estejam certas, mas eu cá acho que vai correr pior do que se pensa.
De qualquer das maneiras, felicito o Banco de Portugal por mais um excelente relatório!
Greves
A propósito dos muito falados estivadores, parece que os mais bem pagos podem auferir cerca de 6000€ por mês, graças às horas extraordinárias. A greve que já se prolonga há várias semanas parece não ter um fim à vista e parece-me que as duas partes (Governo e Sindicatos) estão a fugir daquilo que é racional.
Visto por outra perspectiva, parece-me que a CGTP e o Governo estão bem um para o outro. Cada um deles é mais intransigente e radical que o outro. O primeiro tenta manter regalias e benefícios, em muitos casos, escandalosos em sectores vitais para a economia. Eles sabem perfeitamente que paralisar esses sectores significa dar uma grande dor de cabeça ao Governo. Já defender os trabalhadores mais vulneráveis nem pensar. Por que haviam de defender classes sociais que não têm dinheiro para financiar sindicatos?
O segundo já nem se fala. Não hesitam um segundo em cortar todas as regalias que não as deles, sabendo que poderão manter a frota automóvel e ver os seus partidos a serem financiados por todos nós.
O certo é que esta greve (como aliás praticamente todas) está a afectar mais o resto da população do que o governo propriamente dito. Por causa dela as exportações estão a baixar, o que significa que as nossas empresas terão de produzir menos ou estacionar as encomendas num armazém. Além disso, o tráfego nos portos espanhóis tem vindo a aumentar, o que permite inferir que estão a acolher a mercadoria que viria para Portugal. Se os comerciantes começam a acreditar que em Espanha as coisas são mais estáveis deixam definitivamente de vir para Portugal, o que não seria nada bom...
Visto por outra perspectiva, parece-me que a CGTP e o Governo estão bem um para o outro. Cada um deles é mais intransigente e radical que o outro. O primeiro tenta manter regalias e benefícios, em muitos casos, escandalosos em sectores vitais para a economia. Eles sabem perfeitamente que paralisar esses sectores significa dar uma grande dor de cabeça ao Governo. Já defender os trabalhadores mais vulneráveis nem pensar. Por que haviam de defender classes sociais que não têm dinheiro para financiar sindicatos?
O segundo já nem se fala. Não hesitam um segundo em cortar todas as regalias que não as deles, sabendo que poderão manter a frota automóvel e ver os seus partidos a serem financiados por todos nós.
O certo é que esta greve (como aliás praticamente todas) está a afectar mais o resto da população do que o governo propriamente dito. Por causa dela as exportações estão a baixar, o que significa que as nossas empresas terão de produzir menos ou estacionar as encomendas num armazém. Além disso, o tráfego nos portos espanhóis tem vindo a aumentar, o que permite inferir que estão a acolher a mercadoria que viria para Portugal. Se os comerciantes começam a acreditar que em Espanha as coisas são mais estáveis deixam definitivamente de vir para Portugal, o que não seria nada bom...
Justiça: quem pode, pode
O que eu me ri com a história inventada pelo Duarte Lima na sua defesa do caso da Rosalina Ribeiro.
"A testemunha, que foi ouvida hoje no II Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, afirmou ter estado com o advogado e ex-deputado português por cerca de 25 minutos – entre as 22h00 e as 22h25 locais – do dia 7 de Dezembro de 2009, num pequeno restaurante localizado na praça central do município de Maricá."
Jantou em 25 minutos apenas? Lembrava-se com tanta precisão da hora do jantar desse dia?
Yeah, right...
Que coincidência fantástica! A natureza é mesmo demais.
Que conveniente não haverem lugares naquele dia...
Ainda bem que a prova está presente nesse objecto não adulterável que é um guardanapo. Além disso, eu troco constantemente contactos com todos os estranhos que se sentam na minha mesa por 25 minutos e guardo os guardanapos durante vários anos, não vá querer contactar a pessoa novamente.
"A testemunha, que foi ouvida hoje no II Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, afirmou ter estado com o advogado e ex-deputado português por cerca de 25 minutos – entre as 22h00 e as 22h25 locais – do dia 7 de Dezembro de 2009, num pequeno restaurante localizado na praça central do município de Maricá."
Jantou em 25 minutos apenas? Lembrava-se com tanta precisão da hora do jantar desse dia?
"A testemunha disse ter a certeza da hora em que parou no restaurante, 21h45, porque a mãe é hipertensa e tem de tomar remédio a uma hora exacta, o que coincidiu."
"O horário que a testemunha diz ter estado com Duarte Lima é próximo do que a polícia brasileira estima que tenha ocorrido o assassinato de Rosalina Ribeiro."
"A testemunha disse ainda que nunca tinha visto Duarte Lima e que se conheceram por acaso, uma vez que ele se sentou na mesma mesa que ela, depois de um empregado ter perguntado se ela não se importaria de dividir a mesa, perante da falta de lugares no estabelecimento."
"No rápido encontro ambos terão trocado contactos - Duarte Lima deixou seu cartão, enquanto Rosângela escreveu o número de telefone num guardanapo -, motivo pelo qual terá sido possível encontrar a testemunha."
Sr Duarte Lima, quando eu precisar de uma história para animar a malta eu mando-lhe um email!
sábado, 10 de novembro de 2012
Simulador do Orçamento de Estado 2013
O Expresso tem um simulador para os leitores poderem definir onde gastar e obter o dinheiro. Começa por mostrar os montantes que o Governo quer aplicar para podermos ter uma noção do que está a ser discutido neste momento.
Partindo dos valores do Governo, o leitor poderá ajustar para mais ou menos despesa ou receita, sendo que é informado das consequências dessa decisão. Por exemplo, se baixar muito a despesa no Ministério da Defesa o simulador avisará que é o equivalente a despedir uma boa percentagem dos militares da GNR.
O simulador está muito interessante, mas há ali despesas designadas por "Outros encargos" onde provavelmente estarão mascaradas despesas inúteis ou imorais. No final poderá verificar qual o déficit ou superavit que o seu orçamento consegue atingir.
Uma conclusão que tirei após algumas simulações: é muito difícil chegar a um superavit sem cortar nalgumas funções essenciais do estado. Vai haver sempre uma categoria de pessoas que se vai queixar dos cortes.
Experimente!
Partindo dos valores do Governo, o leitor poderá ajustar para mais ou menos despesa ou receita, sendo que é informado das consequências dessa decisão. Por exemplo, se baixar muito a despesa no Ministério da Defesa o simulador avisará que é o equivalente a despedir uma boa percentagem dos militares da GNR.
O simulador está muito interessante, mas há ali despesas designadas por "Outros encargos" onde provavelmente estarão mascaradas despesas inúteis ou imorais. No final poderá verificar qual o déficit ou superavit que o seu orçamento consegue atingir.
Uma conclusão que tirei após algumas simulações: é muito difícil chegar a um superavit sem cortar nalgumas funções essenciais do estado. Vai haver sempre uma categoria de pessoas que se vai queixar dos cortes.
Experimente!
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
Privatização da saúde - seguradoras
Preocupo-me quando começo a ouvir falar de privatizações na saúde. Muita gente não sabe que o SNS é caríssimo, em grande parte porque os serviços, medicamentos e equipamentos médicos são bastante caros. Se um doente de cancro tivesse que pagar o seu tratamento de dois anos na totalidade, provavelmente as poupanças de uma vida não seriam suficientes. A partir do momento em que há medicamentos que custam centenas de euros e exames que andam lá perto, não há uma real hipótese de as poder pagar.
Neste contexto é natural sugerirem que em vez de descontar para o Estado, que o façam para empresas seguradoras privadas. Na minha opinião há grandes diferenças entre os dois modelos:
Neste contexto é natural sugerirem que em vez de descontar para o Estado, que o façam para empresas seguradoras privadas. Na minha opinião há grandes diferenças entre os dois modelos:
- As seguradoras arriscam investir com mais facilidade o dinheiro em produtos financeiros de maior risco. Sim, porque o nosso dinheiro nunca fica guardado numa conta à ordem. Eles querem lucrar com a nossa saúde e esta é uma boa maneira de o fazer.
- O Estado segura efectivamente todas as pessoas. Doentes ou não-doentes, toda a gente tem acesso a cuidados médicos. Já as seguradores procedem a validações intermináveis do estado de saúde das pessoas, antes de as segurarem. E mesmo quando já o são e acontece algum problema, fazem de tudo para se esquivarem ao pagamento dos tratamentos necessários.
Recentemente testemunhei um caso em que na ficha de inscrição para uma seguradora foi escrito que a pessoa (jovem) tomava um medicamento de prevenção para a azia. Qual não é o espanto da pessoa quando, passados 4 meses, ainda está à espera de uma decisão, porque a seguradora precisa de um parecer médico. Se por tomar este medicamento corre o risco de não poder ser segurado, quanto mais se tivesse alguma doença grave.
Para que servem as seguradoras se só aceitam pessoas saudáveis? Isto é o equivalente às seguradoras automóveis só aceitarem segurar carros cujos condutores não têm carta de condução.
Pensem nisto quando o Governo vos tiver a tentar convencer que entregar a saúde aos privados é uma grande poupança.
Obama VS Romney - Apoios à campanha
Atendendo aos apoiantes de cada um dos candidatos algo me diz que ganhou o candidato certo para as pessoas.
BARACK OBAMA
MITT ROMNEY
BARACK OBAMA
- University of California – $1,092,906
- Microsoft Corp – $761,343
- Google Inc – $737,055
- US Government – $627,628
- Harvard University – $602,992
MITT ROMNEY
- Goldman Sachs – $994,139
- Bank of America – $921,839
- Morgan Stanley – $827,255
- JPMorgan Chase & Co – $792,147
- Credit Suisse Group – $618,941
Isabel Jonet - O que fizeste tu?
Tanto se falou na entrevista que a Isabel Jonet deu à SIC notícias que acabei por ver no Youtube:
Sinceramente não vejo nada de muito grave no seu discurso, com a excepção do exemplo dos bifes. Tivesse usado lagosta e provavelmente ninguém estaria a falar dela. Penso que a Isabel Jonet apenas se referiu à categoria de pessoas que efectivamente viveu acima das possibilidades: as que compram carros, casas e iPhones a crédito e que depois vão bater à porta do Banco Alimentar para poder poupar na comida.
Esta senhora já tem demasiada experiência de voluntariado para saber do que está a falar. Ela própria disse (por outras palavras) que sabia distinguir os que estão na miséria e os que tentam aproveitar-se das borlas. Mas pronto, hoje em dia é muito complicado opinar sobre pobres sem haver julgamento público.
Sinceramente não vejo nada de muito grave no seu discurso, com a excepção do exemplo dos bifes. Tivesse usado lagosta e provavelmente ninguém estaria a falar dela. Penso que a Isabel Jonet apenas se referiu à categoria de pessoas que efectivamente viveu acima das possibilidades: as que compram carros, casas e iPhones a crédito e que depois vão bater à porta do Banco Alimentar para poder poupar na comida.
Esta senhora já tem demasiada experiência de voluntariado para saber do que está a falar. Ela própria disse (por outras palavras) que sabia distinguir os que estão na miséria e os que tentam aproveitar-se das borlas. Mas pronto, hoje em dia é muito complicado opinar sobre pobres sem haver julgamento público.
terça-feira, 6 de novembro de 2012
Evasão fiscal - Exemplo da Grécia
Existe um bocado a mania de atribuir à evasão fiscal toda a culpa pelos défices orçamentais. De facto os números calculados são bastante elevados, mas são sempre suposições. Não há maneira efectiva de contabilizar a chamada "economia paralela". Parece-me que estas acusações são proferidas com o intuito de camuflar as negociatas dos políticos e outras elites portuguesas, essas sim absolutamente onerosas para o erário público.
Dito isto sou a favor de se tentar combater a evasão fiscal, mesmo sabendo que nunca se vai conseguir erradicá-la. Se há país que nos bate em evasão fiscal é a Grécia, que até lhe chama o "desporto nacional". Parece que é muito comum as pessoas no café contarem as suas proezas fiscais à semelhança do que cada vez mais vai acontecendo em Portugal.
Esta semana foi notícia que a Grécia encontrou um sistema inovador para combater a fraude: se não passar factura, o cliente tem direito a sair sem pagar. É certo que não impede o clássico diálogo:
Cliente: "Quanto é?"
Estabelecimento: "São 5€"
Cliente: "Tome lá e passe-me uma factura"
Estabelecimento: "Ah então são 10€..."
Pelo menos é um sistema mais eficaz que os incentivos no IRS. O cliente fica com a noção e proveito imediato da sua decisão, em vez de ter de esperar pelo IRS do ano seguinte. Não vai conseguir eliminar os que fazem disto desporto, mas já deve conseguir convencer aqueles que pagam tudo direitinho mas que não se chateiam a pedir factura.
Para já vai ser aplicado apenas na restauração, mas acho que o Governo Português devia estar atento à eficácia desta medida. Se funcionar bem na Grécia de certeza absoluta que funciona cá. Já que o Governo exige sempre alternativas às suas políticas, fica aqui mais um contributo.
Dito isto sou a favor de se tentar combater a evasão fiscal, mesmo sabendo que nunca se vai conseguir erradicá-la. Se há país que nos bate em evasão fiscal é a Grécia, que até lhe chama o "desporto nacional". Parece que é muito comum as pessoas no café contarem as suas proezas fiscais à semelhança do que cada vez mais vai acontecendo em Portugal.
Esta semana foi notícia que a Grécia encontrou um sistema inovador para combater a fraude: se não passar factura, o cliente tem direito a sair sem pagar. É certo que não impede o clássico diálogo:
Cliente: "Quanto é?"
Estabelecimento: "São 5€"
Cliente: "Tome lá e passe-me uma factura"
Estabelecimento: "Ah então são 10€..."
Pelo menos é um sistema mais eficaz que os incentivos no IRS. O cliente fica com a noção e proveito imediato da sua decisão, em vez de ter de esperar pelo IRS do ano seguinte. Não vai conseguir eliminar os que fazem disto desporto, mas já deve conseguir convencer aqueles que pagam tudo direitinho mas que não se chateiam a pedir factura.
Para já vai ser aplicado apenas na restauração, mas acho que o Governo Português devia estar atento à eficácia desta medida. Se funcionar bem na Grécia de certeza absoluta que funciona cá. Já que o Governo exige sempre alternativas às suas políticas, fica aqui mais um contributo.
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sábado, 3 de novembro de 2012
Conhecer a crise - nº de pessoas com empréstimos
O portal Conhecer a Crise pertence à fundação Francisco Manuel dos Santos apresenta um vasto conjunto de indicadores sobre a vida económica e social de Portugal. Eu continuo a dizer que isto devia ser responsabilidade directa do Estado ou até do Banco de Portugal, mas de qualquer das maneiras está um trabalho bem feito e é de dar os parabéns à fundação.
Hoje deixo aqui um número que assusta um pouco: quase metade da população está endividada e a habitação não representa a maioria dos créditos.
Hoje deixo aqui um número que assusta um pouco: quase metade da população está endividada e a habitação não representa a maioria dos créditos.
Juízes
Que eu já sabia que tínhamos políticos absolutamente medíocres não é novidade. Agora posso juntar ao saco uma nova categoria profissional: Juízes.
Segundo esta notícia, o presidente da Associação Sindical dos Juízes, Mouraz Lopes, afirmou no Parlamento que os cortes salariais aos magistrados podem afectar a sua independência.
Segundo esta notícia, o presidente da Associação Sindical dos Juízes, Mouraz Lopes, afirmou no Parlamento que os cortes salariais aos magistrados podem afectar a sua independência.
Isto é do mais porco (perdoem-me a expressão) que se pode dizer, vindo de um juiz. Basicamente o senhor doutor está a dizer que um juiz tem de ser bem pago para não ceder a pressões ou corrupção. É inacreditável como o dinheiro é um factor essencial para eles serem independentes. Não era suposto os juízes terem princípios, serem profissionais e respeitar escrupulosamente a lei? É que nem que ganhassem apenas 2000€, tinham o dever de cumprir as suas funções de maneira isenta.
Lembro que é este tipo gente que avalia a equidade do Orçamento de Estado. Gente que acha que a eles nada devia ser cortado, mas aos outros já não há problema. Como é que podemos ter pessoas a julgar em causa própria?
Já a notícia de quererem esconder que o Governo lhes tinha isentado de pagar os transportes públicos foi um escândalo. Lembro que esta categoria profissional tem privilégios surreais, entre os quais se destaca o subsídio de residência de cerca 700€.
Cada vez mais me convenço que, quando o assunto lhes toca, o poder judicial não está cá para fazer respeitar a lei em benefício da população, mas sim da própria raça.
Privado VS Público
Saiu mais uma notícia, avançada pelo Jornal de Negócios, que, quer se queira ou não, relança o debate interminável sobre trabalhar no sector público ou no privado.
Desta vez trata-se de uma estatística sobre quantas pessoas vão ser afectadas pela taxa de solidariedade, sendo que se aplica a pensões acima dos 1350€ brutos. Não há como negar que os pensionistas do estado são claramente pessoas privilegiadas, dado que 43% vão ser afectados, enquanto que no privado são apenas 3%.
Há muitos argumentos para rebater esta tendência, sendo que o mais ouvido é o facto de o sector público ter nos seus quadros os médicos, juízes, professores, etc, enquanto que no privado as profissões não são tão qualificadas. E até têm razão. O argumento que eu não suporto ouvir é que "no privado ninguém paga os impostos que deve e depois querem ter direito às mesmas pensões que os funcionários públicos". Poupem-me! Esta até pode ser uma realidade em certas empresas, mas se formos por aí também posso argumentar que no sector público todas as horas extraordinárias são devidamente pagas.
O que determina, no meu entender, qual dos dois sectores é mais favorável aos trabalhadores é fazer uma sondagem com a seguinte pergunta:
"Se lhe fosse oferecido o mesmo trabalho, no público e privado, com exactamente as mesmas condições (salário, local de trabalho, etc), qual delas escolhia?"
Pois eu aposto que a grande maioria escolheria o sector público. E digo mais: só não seria muito perto de 100% porque este Governo tem andado a cortar severamente.
Desta vez trata-se de uma estatística sobre quantas pessoas vão ser afectadas pela taxa de solidariedade, sendo que se aplica a pensões acima dos 1350€ brutos. Não há como negar que os pensionistas do estado são claramente pessoas privilegiadas, dado que 43% vão ser afectados, enquanto que no privado são apenas 3%.
Há muitos argumentos para rebater esta tendência, sendo que o mais ouvido é o facto de o sector público ter nos seus quadros os médicos, juízes, professores, etc, enquanto que no privado as profissões não são tão qualificadas. E até têm razão. O argumento que eu não suporto ouvir é que "no privado ninguém paga os impostos que deve e depois querem ter direito às mesmas pensões que os funcionários públicos". Poupem-me! Esta até pode ser uma realidade em certas empresas, mas se formos por aí também posso argumentar que no sector público todas as horas extraordinárias são devidamente pagas.
O que determina, no meu entender, qual dos dois sectores é mais favorável aos trabalhadores é fazer uma sondagem com a seguinte pergunta:
"Se lhe fosse oferecido o mesmo trabalho, no público e privado, com exactamente as mesmas condições (salário, local de trabalho, etc), qual delas escolhia?"
Pois eu aposto que a grande maioria escolheria o sector público. E digo mais: só não seria muito perto de 100% porque este Governo tem andado a cortar severamente.
Poupança dos portugueses
Foi notícia esta semana o facto de os portugueses estarem a poupar cerca de 11€ em cada 100€ que ganhavam. Aliás, parece que a taxa aumentou para este valor, sendo que anteriormente eram 10,7€. Não sei bem o que concluir daqui, mas só estou a ver duas hipóteses: ou os portugueses ganham realmente pouco (opção mais provável) ou então têm o hábito/vício de gastar quase até ao último tostão. Parece surreal, mas até há bem pouco tempo, quando o crédito era barato e abundante, havia a tendência de gastar o salário todo e ainda ficar a dever. Não consigo compreender como é que consegue viver (agora sim) assim das possibilidades, sem temer que um dia o dinheiro não vai chegar.
Assusta-me que apenas sejam poupados tão poucos euros em relação ao que se ganha. Este valor médio significa que uma pessoa que ganhe 1000€ só ponha 110€ de lado todos os meses ou então que uma pessoa que ganhe 5000€ só consiga poupar 550€. No primeiro caso, não há-de ser muito fácil poupar mais dados os preços das coisas, mas o segundo tem obrigação de conseguir poupar mais. Se, de um dia para o outro, houver uma quebra de rendimento (o Gaspar está sempre a fazê-las), esta pessoa vai ter de se sujeitar a uma vida completamente diferente, sofrendo provavelmente mais do choque do que a que ganha 1000€.
Quanto aos que ganham o salário mínimo é literalmente impossível poupar. Acredito que sejam necessárias privações que muita gente não estaria disposta a aceitar. Para estas pessoas, deixo aqui o meu apreço.
Assusta-me que apenas sejam poupados tão poucos euros em relação ao que se ganha. Este valor médio significa que uma pessoa que ganhe 1000€ só ponha 110€ de lado todos os meses ou então que uma pessoa que ganhe 5000€ só consiga poupar 550€. No primeiro caso, não há-de ser muito fácil poupar mais dados os preços das coisas, mas o segundo tem obrigação de conseguir poupar mais. Se, de um dia para o outro, houver uma quebra de rendimento (o Gaspar está sempre a fazê-las), esta pessoa vai ter de se sujeitar a uma vida completamente diferente, sofrendo provavelmente mais do choque do que a que ganha 1000€.
Quanto aos que ganham o salário mínimo é literalmente impossível poupar. Acredito que sejam necessárias privações que muita gente não estaria disposta a aceitar. Para estas pessoas, deixo aqui o meu apreço.
domingo, 28 de outubro de 2012
Banco de Portugal - Boletim estatístico
Saiu recentemente o Boletim Estatístico do Banco de Portugal com os dados dos últimos trimestres. Naturalmente que não dá para comentar aqui todos os findings, mas irei apontar os principais.
1. O consumo privado está (ou pelo menos estava) muito ligado à actividade económica portuguesa. Pelo gráfico abaixo dá para concluir que mexendo no poder de compra das pessoas, a economia ressente-se praticamente na mesma proporção. No entanto, a tendência dos últimos tempos não tem sido tão gravosa, possivelmente explicada pelo aumento das exportações.
2. A queda astronómica da compra de veículos é perfeitamente visível no quadro seguinte. Não admira que os fabricantes estejam a despedir ou a diminuir a produção. E atenção que não é um problema exclusivo de Portugal. Na zona euro, a quebra em Agosto de 2012 foi de 9,8%.
3. O crédito à habitação tem diminuído por toda a zona euro, com especial destaque para Portugal. A banca não tem concedido crédito com tanta facilidade e os próprios consumidores não querem arriscar num clima de muita incerteza.
4. Com a crise instalada em Portugal, as obrigações do tesouro a 10 anos dispararam para um máximo de 13,85% em Janeiro de 2012. No gráfico abaixo podemos observar que enquanto subia drasticamente para Portugal, a Alemanha viu as suas obrigações descerem para perto de 0. Onde está a solidariedade do projecto Europeu?
5. No gráfico abaixo, não estão os 17 estados membros da zona euro, mas de qualquer das maneiras já dá para ver que quase ninguém respeita os tratados assinados. A linha preta na vertical representa o tecto máximo de dívida pública que os países deviam poder contrair. Nem a "cheia-de-letra" Alemanha o conseguiu fazer.
6. A taxa de variação homóloga nas exportações tem sido quase sempre positiva tanto para bens e serviços, o que significa que temos conseguido aumentá-las consistentemente. Infelizmente o país para onde exportamos mais é a Espanha, que se prevê entrar igualmente em recessão prolongada. De qualquer maneira as exportações para fora da zona euro têm aumentado bastante, com especial destaque para o Brasil, Angola, China e EUA.
1. O consumo privado está (ou pelo menos estava) muito ligado à actividade económica portuguesa. Pelo gráfico abaixo dá para concluir que mexendo no poder de compra das pessoas, a economia ressente-se praticamente na mesma proporção. No entanto, a tendência dos últimos tempos não tem sido tão gravosa, possivelmente explicada pelo aumento das exportações.
2. A queda astronómica da compra de veículos é perfeitamente visível no quadro seguinte. Não admira que os fabricantes estejam a despedir ou a diminuir a produção. E atenção que não é um problema exclusivo de Portugal. Na zona euro, a quebra em Agosto de 2012 foi de 9,8%.
3. O crédito à habitação tem diminuído por toda a zona euro, com especial destaque para Portugal. A banca não tem concedido crédito com tanta facilidade e os próprios consumidores não querem arriscar num clima de muita incerteza.
4. Com a crise instalada em Portugal, as obrigações do tesouro a 10 anos dispararam para um máximo de 13,85% em Janeiro de 2012. No gráfico abaixo podemos observar que enquanto subia drasticamente para Portugal, a Alemanha viu as suas obrigações descerem para perto de 0. Onde está a solidariedade do projecto Europeu?
5. No gráfico abaixo, não estão os 17 estados membros da zona euro, mas de qualquer das maneiras já dá para ver que quase ninguém respeita os tratados assinados. A linha preta na vertical representa o tecto máximo de dívida pública que os países deviam poder contrair. Nem a "cheia-de-letra" Alemanha o conseguiu fazer.
6. A taxa de variação homóloga nas exportações tem sido quase sempre positiva tanto para bens e serviços, o que significa que temos conseguido aumentá-las consistentemente. Infelizmente o país para onde exportamos mais é a Espanha, que se prevê entrar igualmente em recessão prolongada. De qualquer maneira as exportações para fora da zona euro têm aumentado bastante, com especial destaque para o Brasil, Angola, China e EUA.
Legenda:
1- Intra-Área Euro 2 - Extra-Área Euro 3 - Reino Unido 4 - Outros países da UE
5 - EUA 6 - África 7 - Ásia 8 - América Latina 9 - Outros
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
Comissões de 0%
Muitas vezes vemos publicidade dos bancos a anunciarem um determinado serviço sem cobrar qualquer comissão. Infelizmente nem sempre é assim tão transparente, pois as comissões vêm disfarçadas no meio da "factura".
A propósito de comissões houve um inglês que resolveu entalar o seu banco, confrontando-o com as comissões cobradas no câmbio entre moedas. Vale a pena ler o texto a seguir, mesmo estando em inglês:
A propósito de comissões houve um inglês que resolveu entalar o seu banco, confrontando-o com as comissões cobradas no câmbio entre moedas. Vale a pena ler o texto a seguir, mesmo estando em inglês:
Me: So if I send £1000 to France, what would I get in Euros?
Floyds: The rate would be 1.234 so you would get €1,234.
Me: And how much of that is your profit?
Floyds: None. We don’t take a fee at all.
Me: But the Mid-Market rate is around 1.29 today. So I should get €1,290
Floyds: We set our rates at the start of the day, and we don’t take a profit.
Me: You “set” your rate? What does that mean? Do you just make it up?
Floyds: No, but we only set them once a day, based on the mid-market rate at the time.
Me: Right. But you are making a profit margin on a rate of 1.234. At no point today has the interbank been 1.234.
Floyds: I don’t have access to that data. I’m just given the daily rate.
Me: Right. Ok. So what if I were to send £100,000 instead.
Floyds: You would get a rate of 1.256, so €125,600. Again, there’s no fee.
Me: But that’s a different rate to the one you gave me to £1,000…. I thought you said there was one rate for the day, based on the real interbank rate.
Floyds: There’s one rate for each size band. And larger sizes have a better rate.
Me: So let’s just get this straight. You aren’t making any profit on the rate of 1.234, correct?
Floyds. Correct.
Me: But you are able to give me a better rate of 1.256 if I transfer more.
Floyds: Correct.
Me: But how can 2 different rates be making you no profit and be based on the interbank rate, there’s only one interbank rate at any point in time.
Floyds: I’m not sure I understand. Could you repeat the question?
Me: I’m not at all surprised. Thanks for your time.
terça-feira, 23 de outubro de 2012
Sondagem
No jornal i saiu uma sondagem sobre a intenção de voto dos portugueses no dia 12 de Outubro deste ano. Começamos a verificar que o disco está perto de girar 180º para voltarmos novamente ao socialistas.
Este ténis de mesa político é triste, mas ao mesmo tempo compreendo que não haja ninguém dos outros partidos que tenha perfil para liderar Portugal. Vivemos tempos de uma absoluta mediocridade política, que tem levado a abstenções cada vez maiores. Estou curioso para ver o que vai acontecer nas próximas eleições. Estou dividido entre uma abstenção gigantesca ou uma migração para os partidos mais extremistas de esquerda.
Eu cá acho que é uma excelente oportunidade para grupos de cidadãos se juntarem e formarem partidos políticos novos. De preferência com pessoas que não venham das "jotas", nem de outros partidos existentes. Bem sei que é preciso experiência, mas os que temos tido também não se revelaram grande coisa.
Este ténis de mesa político é triste, mas ao mesmo tempo compreendo que não haja ninguém dos outros partidos que tenha perfil para liderar Portugal. Vivemos tempos de uma absoluta mediocridade política, que tem levado a abstenções cada vez maiores. Estou curioso para ver o que vai acontecer nas próximas eleições. Estou dividido entre uma abstenção gigantesca ou uma migração para os partidos mais extremistas de esquerda.
Eu cá acho que é uma excelente oportunidade para grupos de cidadãos se juntarem e formarem partidos políticos novos. De preferência com pessoas que não venham das "jotas", nem de outros partidos existentes. Bem sei que é preciso experiência, mas os que temos tido também não se revelaram grande coisa.
Rigor orçamental
O Eurostat publicou um relatório sobre os défices efectivos do ano de 2011 nos países da União Europeia e em particular, da Zona Euro. É engraçado verificar que esta obsessão orçamental não é respeitada por quase país nenhum, incluindo a Alemanha. Eles que falam do topo de um pedestal, tiveram um défice de 0,8% em 2011. Não é muito, mas é suficiente para lhes tirar muita da moral.
Também no capítulo da dívida, os alemães estão em violação dos tratados Europeus, em que o tecto estabelecido é de 60% do PIB: registou em 2011 uma dívida de 80,5%.
Na semana que passou, o principal líder da oposição na Alemanha avançou com um número interessante (as palavras não são exactas): "Se cortássemos na Alemanha o que Portugal tem de cortar em percentagem, teríamos de explicar muito bem à população por que razão iríamos cortar cerca de 150 mil milhões do orçamento".
É este trabalho de sensibilização da opinião pública dos países do norte que é preciso fazer. Os políticos de lá, tais como os daqui, dizem o que for preciso para ganhar o voto das pessoas. Ora, por lá, têm ganho votos aqueles que dizem que o Sul se portou mal e que eles nos estão a dar dinheiro ao desbarato. Pois é precisamente graças a esta crise que a Alemanha (e outros) têm facturado imenso, senão vejamos alguns argumentos:
Também no capítulo da dívida, os alemães estão em violação dos tratados Europeus, em que o tecto estabelecido é de 60% do PIB: registou em 2011 uma dívida de 80,5%.
Na semana que passou, o principal líder da oposição na Alemanha avançou com um número interessante (as palavras não são exactas): "Se cortássemos na Alemanha o que Portugal tem de cortar em percentagem, teríamos de explicar muito bem à população por que razão iríamos cortar cerca de 150 mil milhões do orçamento".
É este trabalho de sensibilização da opinião pública dos países do norte que é preciso fazer. Os políticos de lá, tais como os daqui, dizem o que for preciso para ganhar o voto das pessoas. Ora, por lá, têm ganho votos aqueles que dizem que o Sul se portou mal e que eles nos estão a dar dinheiro ao desbarato. Pois é precisamente graças a esta crise que a Alemanha (e outros) têm facturado imenso, senão vejamos alguns argumentos:
- O índice bolsista DAX tem estado em valores próximos de máximos históricos.
- As obrigações do tesouro alemãs são emitidas a juros negativos.
- Emprestam aos países em dificuldades a 3%, 4% ou 5% e impõem medidas para que a população lhes pague de volta.
Não é com este tipo de atitude que se constrói uma Europa solidária. Já temos o castigo das medidas de austeridade, porquê pagar juros altos e ser duplamente castigado? Quando é que vamos ter um líder português que bata o pé no chão?
sábado, 20 de outubro de 2012
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
IRS for dummies
Tanto se falou em novos escalões do IRS e eu sempre sem perceber como é que se mapeavam para as tabelas mensais de retenção na fonte. Finalmente, o Jornal de Negócios publicou uma infografia que nos ensina a calcular o IRS que temos de pagar ou receber.
Fazendo os cálculos até obter a "Colecta", basta dividir esse valor pelo rendimento bruto anual e obtemos uma taxa/percentagem de quanto temos de pagar por ano. Se por exemplo ganhar 15000€ brutos anuais e a colecta for de 2000€, significa que a taxa a reter mensalmente é de 13,3%. Consultando a tabela de retenção na fonte e verificando por exemplo que a taxa mensal de IRS é de 13%, significa que no final do ano o acerto vai ser no sentido de pagar ao Estado a diferença. No entanto, este valor pode ser atenuado com as deduções de saúde, educação, renda, etc.
Obrigado ao Jornal de Negócios
Fazendo os cálculos até obter a "Colecta", basta dividir esse valor pelo rendimento bruto anual e obtemos uma taxa/percentagem de quanto temos de pagar por ano. Se por exemplo ganhar 15000€ brutos anuais e a colecta for de 2000€, significa que a taxa a reter mensalmente é de 13,3%. Consultando a tabela de retenção na fonte e verificando por exemplo que a taxa mensal de IRS é de 13%, significa que no final do ano o acerto vai ser no sentido de pagar ao Estado a diferença. No entanto, este valor pode ser atenuado com as deduções de saúde, educação, renda, etc.
Obrigado ao Jornal de Negócios
Orçamento do nosso descontentamento
Primeiro, queria informar que duas consultoras publicaram relatórios (um cada uma) sobre as principais medidas anunciadas no Orçamento de Estado para 2013 e que estão bastante bem resumidas:
Em segundo lugar é bom trazer para a opinião pública aquilo que o FMI disse hoje e que é gravíssimo. Num artigo da RTP é possível ler as novas previsões do FMI para a economia portuguesa, tendo em conta as medidas de austeridade do orçamento recém apresentado. É a previsão de um descalabro (roubei a palavra à RTP) total para o nosso país. Dizem eles que iremos ter uma recessão entre 2,8% a 5,3% do PIB. Reparem que o limite mínimo do intervalo é quase o triplo da previsão do governo, que é de 1%. Várias coisa me vieram à cabeça quando li esta notícia:
- Mesmo sabendo que é habitual o Governo fazer previsões mais optimistas, como é possível haver uma discrepância desta envergadura?
- Como é possível que apenas o Governo consiga ver uma inversão da recessão?
- Com o FMI a mudar a sua opinião sobre a austeridade não estará na altura de rever o memorando?
- O FMI não faz a mais pequena ideia sobre os efeitos da austeridade. Só sabe que a recessão poderá andar entre dois valores muito afastados um do outro. Ao menos já aprendeu que só faz mal à economia...
- Com uma recessão brutal, como é que os políticos pensam que se vai pagar a dívida?
É aproveitar que a Angela Merkel vem aqui a Portugal (ainda não percebi bem porquê) para a impedir de sair enquanto não flexibilizar as metas orçamentais. Porra lá para a gorda...
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